O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) registrou lucro líquido de R$ 3,515 bilhões no primeiro semestre de 2015. O principal fator de contribuição para o lucro foi o aumento do resultado de intermediação financeira (as operações de crédito do Banco) que alcançou a cifra de R$ 9,290 bilhões nos seis primeiros meses do ano, valor 54,9% superior ao registrado em igual período de 2014. O resultado está associado à manutenção do mais baixo índice de inadimplência do Sistema Financeiro Nacional (0,05%). Em relação ao primeiro semestre de 2014, quando o lucro foi de R$ 5,471 bilhões, houve redução de 35,8%. Além do lucro, os demais indicadores do período também foram positivos. A rentabilidade sobre o patrimônio foi de 8,44% no semestre, e o índice de Basiléia atingiu 17,0%, situação confortável diante dos 11,0% exigidos pelo Banco Central e superior aos 15,9% de dezembro de 2014. O índice reflete a capacidade de financiamento do Banco: para cada R$ 100,00 de crédito, o BNDES possui 17% de patrimônio. Já a redução na comparação semestral é consequência da queda no resultado com participações societárias, de R$ 3,598 bilhões. A queda foi motivada por fatores alheios à gestão do BNDES. A principal causa foi a ausência de distribuição de dividendos pela Petrobras no primeiro semestre deste ano. Nos primeiros seis meses de 2014, o BNDES havia obtido receita de dividendos e juros sobre capital próprio da Petrobras de R$ 1,842 bilhão, que não se repetiu em 2015. Outro fator que gerou impacto negativo foi a constituição de provisão para perdas (impairment) no valor de R$ 1,155 bilhão contra uma despesa de R$ 336 milhões no mesmo semestre de 2014. O aumento expressivo do resultado de intermediação financeira reflete tanto a maior remuneração na carteira de crédito quanto a gestão eficiente de tesouraria, compensando a diminuição do resultado de renda variável. É importante ressaltar que tal resultado, associado ao baixo índice de inadimplência, reflete a boa gestão operacional do BNDES, alinhada às prioridades estratégicas do Governo. Cabe ainda destacar que o percentual de créditos renegociados foi de apenas 0,71% da carteira total em 30 de junho de 2015, abaixo da situação observada em dezembro de 2014, de 0,86%. Para o BNDES é de grande importância garantir a qualidade de sua carteira de crédito, tendo em vista que além de se tratar de um banco público, o retorno de suas operações representa o principal funding para concessão de financiamentos a novos projetos de investimentos. No primeiro semestre de 2015, o retorno das operações do Banco representou 93,5% dos recursos desembolsados no período. Com a divulgação das respectivas demonstrações financeiras e do plano de investimentos atualizado da Petrobras, os auditores retiraram a ressalva relativa à limitação de escopo, contida nas demonstrações financeiras do BNDES de dezembro de 2014. Foi reconhecida a validade dos valores calculados pelo Banco, não sendo necessária a realização de qualquer ajuste adicional pelo BNDES. O relatório dos Auditores sobre as Demonstrações Financeiras de 31/3/15 e de 30/6/15 não faz mais menção a este assunto. Sobre o montante do impairment reconhecido no resultado do primeiro semestre de 2015, o BNDES manteve no patrimônio líquido o valor de R$ 715 milhões reconhecidos como despesa nas demonstrações da BNDESPAR no primeiro trimestre do ano. A manutenção do montante no patrimônio líquido é consequência da Resolução Nº 4.175/12 do Conselho Monetário Nacional, que determina que as ações detidas pelo BNDES oriundas de transferência da União para aumento de capital do Banco têm características específicas para o reconhecimento de perdas. Em função disso, as perdas contábeis serão apenas reclassificadas para o resultado quando houver venda ou transferência do respectivo ativo. Tal fato foi mencionado no relatório dos auditores independentes no balanço do BNDES. O patrimônio líquido do Sistema BNDES totalizou R$ 38,0 bilhões em junho de 2015, acima dos R$ 30,7 bilhões de dezembro de 2014. É importante destacar a determinação do Banco Central em relação à reclassificação, a partir de 2015, dos Instrumentos Elegíveis a Capital do patrimônio líquido para o passivo das instituições financeiras beneficiárias desse tipo de instrumento. Por essa razão, os saldos retroativos foram reclassificados para fins de comparação e a alteração mencionada no relatório dos auditores. Esses instrumentos somavam R$ 36,121 bilhões em 30 de junho de 2015 e R$ 35,539 bilhões em 31 de dezembro de 2014. O aumento do patrimônio líquido foi influenciado pela recuperação do valor de mercado de participações societárias em empresas não coligadas (R$ 3,180 bilhões, líquido de tributos) e pelo resultado do semestre. O patrimônio de referência (base regulatória que determina a capacidade de financiamento) atingiu a cifra de R$ 110,9 bilhões em 30/6/15, superior aos R$ 97,9 bilhões em 31/12/15. Os ativos totais do Sistema BNDES somaram R$ 911,4 bilhões em 30 de junho de 2015, apresentando crescimento de R$ 34,2 bilhões (3,9%) em relação a 31 de dezembro de 2014. O saldo da carteira de crédito e repasse, líquido de provisão para risco de crédito, atingiu R$ 667,6 bilhões no encerramento do primeiro semestre de 2015, dos quais 80,9% correspondiam a créditos de longo prazo.
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