O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Junto com ele, em caso nem conexo, está o senador Fernando Collor (PTB-AL), acusado dos mesmos crimes. Notem que não vou entrar no mérito das acusações, se as provas são contundentes ou não, se é justo ou não é justo. Se Cunha e, obviamente, Collor (a exemplo de quaisquer outros), forem culpados, que paguem até o osso por seus crimes. O fato de eu reconhecer que o presidente da Câmara fez e faz um bom trabalho não o torna inimputável. Se cometeu os crimes de que é acusado, que vá para a cadeia. E, mesmo com ele na cadeia, eu lhe serei grato por ter ajudado a tirar de Dilma a poder de nomear mais cinco ministros do Supremo — caso ela fique até o fim de 2018. Imaginem uma presidente moribunda com esse poder… Assim, vale para Cunha o que vale para qualquer outro. Mas é claro que há no conjunto da obra um episódio escancarado de, como posso afirmar, “IAS” — Investigação Acelerada Seletiva. Cunha foi um dos últimos políticos a aparecer em depoimentos. A Lava-Jato começou em fevereiro do ano passado. Cunha só entrou na dança num depoimento de Alberto Youssef dado em outubro. Julio Camargo, o pagador, negava que ele tivesse algo a ver com a roubalheira. Mudou a versão faz pouco tempo. Cunha ser o primeiro político denunciado sugere ao distinto público que ele tinha um papel central no Petrolão. E isso é apenas mentira. Ainda que tenha feito todas as safadezas que lhe atribuem. É claro que há se está, neste momento, prestando um serviço ao Planalto. Mais: ao ser denunciado junto com Collor, um político odiado fora de Alagoas, busca-se estabelecer uma conexão entre coisas que, se conectadas, só o estão nos maus hábitos. Janot até pode estar coberto de razão, mas presta um serviço a Dilma. Por Reinaldo Azevedo
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