terça-feira, 14 de julho de 2015

Senado instala CPI do Futebol com atraso; Romário quer ajuda da Polícia Federal


Com quase dois meses de atraso, o Senado instalou nesta terça (14) a CPI do Futebol para investigar a CBF (Confederação Brasileira de Futebol). O senador Romário (PSB-RJ) foi eleito presidente da CPI, mas o PMDB emplacou o senador Romero Jucá (RR) como relator – a quem cabe definir os rumos das investigações e elaborar o relatório final da CPI. Jucá negou que sua indicação seja uma estratégia para "blindar" a CBF, que tem entre os seus dirigentes o filho do ex-senador José Sarney (PMDB-AP), Fernando Macieira Sarney. Jucá é ligado ao grupo político de Sarney e do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Nos bastidores, a entidade teria pressionado o PMDB e outros partidos para inviabilizar a instalação da comissão de inquérito. "Nós não queremos blindar ninguém, ao contrário. A CPI é feita para investigar. Nós queremos levantar a fundo todos os fatos para que possa ser responsabilizado quem efetivamente tenha cometido algo ilícito. O que não podemos é personalizar a CPI e virar uma CPI contra A ou B. Essa não é a idéia", afirmou Jucá. Ao contrário do relator, Romário afirmou que vai pedir as quebras de sigilo da CBF, de federações, clubes, dirigentes e presidentes de entidades do esporte. O ex-jogador disse esperar que, ao final dos trabalhos, a comissão de inquérito aponte as pessoas que "fazem mal ao futebol" e os "culpados" por crimes cometidos na CBF. "Há enriquecimento ilícito, talvez seja o crime mais importante que nós vamos encontrar no percurso dessa CPI e outros também serão. É muito difícil dizer por parte de quem, mas, por exemplo, os presidentes da CBF, Ricardo Teixeira, José Maria Marín, Marco Polo del Nero, esses são três nomes que com certeza vão estar nesta lista", afirmou Romário. Jucá disse que vai submeter os pedidos de quebra de sigilo ao plenário da CPI, que terá a palavra final para decidir se devem ou não ser aprovados. E prometeu trabalhar em "harmonia" com Romário. "Quem for preciso quebrar sigilo, nós vamos quebrar. Não há nenhum tipo de ideia de preservar ninguém", disse o relator. 
 

Romário trabalhava nos bastidores para ser eleito relator da CPI do Futebol, mas por acordo fechado entre os maiores partidos do Senado, acabou eleito presidente. O senador disse que sua função não vai impedir a realização de investigações duras contra a Fifa e a CBF. "O mais importante é que eu estou 100% preparado para encabeçar uma mudança definitiva em nosso futebol", afirmou o ex-jogador. O pedido de criação da CPI foi lido no plenário do Senado no final de maio. Desde então, ela não havia sido instalada porque os líderes dos partidos não haviam indicado seus membros – numa sinalização da pressão da CBF sobre os congressistas. Como o Legislativo entra em recesso no final desta semana, os trabalhos da CPI só começarão efetivamente em agosto, quando o Congresso retoma as suas atividades. Romário disse que vai buscar apoio de outros órgãos, como o Ministério Público e a Polícia Federal para o compartilhamento de informações sobre irregularidades na CBF. A CPI também vai pedir ao FBI (polícia federal dos EUA) para encaminhar aos seus membros informações a respeito das investigações que resultaram na prisão de Marín e outros dirigentes da Fifa. "O FBI deve ter provas que devem ser compartilhadas com a CPI, vamos conversar com o FBI no sentido de receber as informações. Existem indícios, nós não queremos fazer acusações antes de ter provas, mas vamos investigar quem for preciso investigar", afirmou Jucá. A CPI será composta por onze titulares, entre eles Romário, Fernando Collor (PTB-AL), Humberto Costa (PT-PE), Álvaro Dias (PSDB-PR), que presidiu a extinta CPI da CBF, e Zezé Perrella (PDT-MG), ex-presidente do Cruzeiro. O PMDB também escalou o líder do partido, Eunício Oliveira (PMDB-CE), para ser um dos titulares da comissão de inquérito. A proposta da criação da CPI surgiu depois que sete dirigentes ligados à Fifa, incluindo o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, foram presos na Suíça em maio, acusados de pagamento e recebimento de propinas em contratos de exploração comercial de competições esportivas.

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