Indicado pelo governo ao Conselho de Administração da Petrobras, o diretor de Centro de Crescimento e Desenvolvimento Econômico da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberto Castello Branco, disse hoje que considera o regime de partilha da produção de petróleo, criado especialmente para o pré-sal, nocivo "à Petrobras e ao Brasil". "O regime de partilha contém todo tipo de distorção. A participação mínima da Petrobras é inviável", afirmou. O regime estabelece que a Petrobras tenha participação de 30% como operadora na exploração de campos de petróleo. O fim dessa obrigatoriedade está sendo discutido no Senado a partir de um projeto de lei do deputado José Serra (PSDB-SP). Em participação no seminário "Produção de commodities e desenvolvimento econômico", organizado pela FGV e pela Vale, Castello Branco (que é ex-diretor da mineradora) fez duras críticas ao "excesso de intervenção estatal" no setor de petróleo. "A Petrobras se viu diante de um problema de transferir recursos via conteúdo local, que criou as condições para a formação de cartel e para a corrupção. Soma-se a isso a política de preços dos derivados, que favoreceu a indústria automobilística e prejudicou a companhia", disse. Para ele, o País viveu sua própria "maldição do petróleo, transformando bilhões de barris (em reservas) em bilhões de prejuízo". Castello Branco foi eleito para o conselho da Petrobras no final de abril, junto a um grupo de executivos e especialistas de fora da empresa convocados pelo governo. Em entrevista após a apresentação, ele frisou que a análise é pessoal e elogiou as mudanças promovidas na governança da companhia após o escândalo da Operação Lava Jato. "Pela primeira vez, o conselho não tem representantes do Estado, não tem políticos, não tem militares", ressaltou, acrescentando que não vê sinais de interferência externa nas decisões do colegiado: "Estou muito confiante de que a Petrobras vai ter lucro, vai voltar a gerar caixa e vai superar esta crise".
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