terça-feira, 16 de junho de 2015

Rússia reforçará arsenal nuclear com 40 mísseis intercontinentais

O presidente russo, o comunista Vladimir Putin, anunciou nesta terça-feira (16) que reforçará o arsenal nuclear russo com a mobilização de mais de 40 novos mísseis intercontinentais até o fim do ano. O gesto foi classificado pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) como "ameaça de recorrer às armas". A declaração foi feita após a divulgação da notícia de que os Estados Unidos planejam reforçar sua presença militar no leste da Europa.


"Neste ano, mais de 40 novos mísseis balísticos intercontinentais capazes de resistir aos sistemas de defesa antiaérea mais sofisticados serão mobilizados nas forças nucleares russas", afirmou Putin no salão militar Exército-2015, nos arredores de Moscou. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que as declarações de Putin fazem parte de um perigoso padrão de comportamento de Moscou. "Essa ameaça nuclear da Rússia é injustificada, desestabilizadora e perigosa", afirmou Stoltenberg, após um encontro com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. A Rússia tem aproximadamente 7.500 ogivas nucleares, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, das quais 1.780 estão mobilizadas em mísseis ou em bases militares. Os Estados Unidos têm 7.300 ogivas, 2.080 das quais estão mobilizadas. A crise na Ucrânia elevou as tensões entre a Rússia e o Ocidente a um ponto desconhecido desde o fim da Guerra Fria. Polônia e outros países do Leste Europeu se mostraram alarmados com a anexação pela Rússia da península ucraniana da Criméia em 2014. A Ucrânia e seus aliados acusam Moscou de enviar tropas e armamento para apoiar os separatistas do leste da Ucrânia, mas a Rússia sempre negou essas afirmações. Devido à crise ucraniana, a Otan decidiu colocar em andamento exercícios dirigidos pelos EUA nos países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) e na Polônia, que começaram no início do mês. O jornal "The The New York Times" informou no fim de semana que o Pentágono estava pronto para mobilizar armamento pesado e mais de 5.000 soldados americanos em vários países do leste da Europa e nos países bálticos para conter a ameaça russa. Se a proposta for aprovada, será a primeira vez desde a Guerra Fria em que Washington leva armamento pesado — incluindo tanques de batalha — a países membros da Otan que já estiveram sob influência soviética. A Polônia revelou no domingo (14) que está em negociações com os Estados Unidos para determinar sua posição sobre a ação. A secretária da Força Aérea dos EUA, Deborah Lee James, afirmou que Washington pode mobilizar caças F-22 na Europa para manter Moscou à distância, afirmou o jornal "The Wall Street Journal" na segunda-feira (15). O Ministério das Relações Exteriores russo se pronunciou contra a medida: "Os Estados Unidos estão alimentando a tensão e os medos de seus aliados europeus contrários aos russos, também porque planeja utilizar as tensões atuais para expandir a sua presença militar e fortalecer sua presença na Europa". O vice-ministro da Defesa russo, Anatoly Antonov, acusou a Otan de "empurrar (Moscou) para uma corrida armamentista", segundo a agência estatal RIA Novosti.

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