A Justiça dos Estados Unidos divulgou nesta segunda-feira o acordo de cooperação que o cartola Chuck Blazer, norte-americano que fez parte do Comitê Executivo da Fifa e foi secretário-geral da Concacaf, assinou em 2013. O texto mostra que o ex-dirigente se comprometeu a revelar tudo o que sabia, entregar documentos, delatar parceiros, fazer trabalhos secretos e ainda devolver US$ 2 milhões referentes a propinas que recebeu pela venda irregular de ingressos para as Copas do Mundo realizadas entre 1994 e 2002 e outros delitos. O acordo, de 19 páginas, foi revelado depois que nove veículos de comunicação dos Estados Unidos, incluindo o The New York Times, entraram na Justiça com pedido para sua divulgação. O juiz que cuida do caso, Raymond Dearie, revelou em um documento divulgado junto com o acordo nesta segunda-feira que o governo dos Estados Unidos foi contra a publicação do material, alegando que poderia comprometer o andamento das investigações da corrupção no futebol, que continuam sendo feitas, e colocar em risco a própria segurança de Blazer. O juiz, porém, discordou destes argumentos e pediu a publicação. O acordo saiu praticamente sem edição, apenas com algumas assinaturas encobertas com tinta preta. Além dos US$ 2 milhões, Blazer se comprometeu a pagar uma quantia adicional que ainda seria definida pela Justiça no momento da assinatura. No mesmo acordo, o cartola se comprometeu a não revelar o que sabia a terceiros, a menos que a Justiça liberasse, e a "colaborar totalmente" com as investigações, inclusive com a entrega de documentos, delação de parceiros e ainda fazendo trabalho secretos a pedido da Justiça para revelar novos réus. Fontes da Justiça dos Estados Unidos disseram ao jornal norte-americano que essa colaboração incluía a gravação de conversas de Blazer com dirigentes da Fifa e de outras organizações do futebol. Ao assinar o acordo e se mostrar disposto a cooperar, Blazer se livrou de uma sentença de prisão que poderia chegar a 70 anos, no caso da pena máxima. O cartola se declarou culpado de 10 acusações, que incluíram corrupção no futebol, extorsão, transferência irregular de pagamentos e evasão de divisas. Ele reconheceu, por exemplo, que aceitou propinas, por volta de 1992, na escolha do país-sede da Copa de 1998, realizada na França. Blazer também reconheceu irregularidades, de acordo com o documento, na venda de ingressos para as Copas do Mundo realizadas entre 1994 e 2002. Também confirmou o recebimento de propinas referentes às edições da Copa Ouro (organizada pela Concacaf) realizadas entre 1996 e 2003. Só a pena para o caso de extorsão pode chegar a 20 anos, ressalta o documento. No início do mês, o juiz Raymond Dearie determinou a divulgação da transcrição, com detalhes editados, do depoimento de Blazer em novembro de 2013. No depoimento, dado em segredo de Justiça, ele revela o recebimento de suborno para as escolhas da França e da África do Sul como sedes das Copas de 1998 e 2010, respectivamente.
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