O governo do Estado do Rio de Janeiro afirma que contratou emergencialmente uma ONG pertencente à família de velejadores Grael para retomar a retirada de lixo da Baía de Guanabara com vistas aos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Mas, segundo Lars Grael, conselheiro da entidade, o acordo ainda não foi assinado e pode ser vetado. Atual secretário estadual do Ambiente, André Corrêa anunciou na quinta-feira (25) a decisão de contratar a ONG após uma reunião com atletas e membros do Comitê Organizador Rio-2016. Na ocasião, o secretário estava acompanhado de Axel Grael, fundador do instituto, irmão de Lars e atualmente vice-prefeito de Niterói. "A questão do lixo da baía é urgente. Não haveria tempo para fazermos uma licitação para depois começarmos o trabalho", justificou Corrêa. O convênio seria orçado em R$ 20 milhões e teria validade de 18 meses. Há menos de um mês, o governo do Estado do Rio de Janeiro suspendeu dois programas dedicados justamente à coleta de resíduos flutuantes na baía de Guanabara. No último dia 3, o então secretário estadual do Ambiente, Antônio da Hora, havia dito que as chamadas ecobarreiras e os ecobarcos eram ineficientes. Ao anunciar a suspensão do investimento nos equipamentos, da Hora declarou em nota que a ação dos ecobarcos era "para inglês ver". Agora, com o novo convênio, que não teria concorrência pública, o Instituto Rumo Náutico, nome da ONG dos Grael, seria responsável por reativar essas duas ações suspensas. Caberia a ela construir cinco novas barreiras para segurar o lixo que chega à baía de Guanabara em rios e recolocar em circulação dez barcos equipados para coletar objetos que permanecem boiando na baía. Questionado sobre a ligação de Axel com a contratação da ONG dos Grael, Corrêa negou qualquer favorecimento: "Eu confio nele completamente", disse o secretário: "É um dos homens mais íntegros que conheci na vida pública. É notório seu compromisso com a Baía de Guanabara". Todas as barreiras e ecobarcos estarão funcionando até a Olimpíada de 2016. Corrêa voltou a declarar, porém, que o compromisso assumido pelo governo de tratar 80% do esgoto que chega à baía para os Jogos não será cumprido. Isso, entretanto, não deve atrapalhar as competições de vela na Guanabara durante a Rio-2016 segundo o secretário. O discurso de Corrêa foi negado por Lars Grael, conselheiro da ONG e duas vezes medalhista olímpico. Ele afirmou que a proposta de fato foi apresentada pelo Estado, mas ainda será votada pelo conselho na próxima segunda-feira (30). "A proposta será apreciada na segunda. E, se passar, ainda haverá uma formalização. Daí só que veremos com o governo. Porém, existe a possibilidade de não acontecer", afirmou. Lars contou que há duas correntes dentro do Rumo Náutico: uma a favor da assinatura e outra não. "Eu sou contrário à assinatura. Limpar a baía é um dever do Estado. Damos aulas, temos parceria com a UFRJ e fazemos estudos em relação à baía, mas limpá-la é uma responsabilidade muito grande para o nosso instituto. Temos vontade de ajudar, mas esta não é nossa vocação".
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