A defesa de Pedro Barusco, ex-gerente de Serviços da Petrobras, enviou ofício à secretaria da Comissão Parlamentar de Inquérito nesta segunda-feira pedindo para que o executivo preste depoimento à comissão a portas fechadas. Se a solicitação for aceita, a fala fica restrita aos parlamentares e não poderá ser televisionada nesta terça-feira. A audiência de Barusco é aguardada sob forte tensão no Congresso: considerado uma peça-chave para detalhar o megaesquema de corrupção na estatal, o executivo afirmou, em acordo de delação premiada, que o PT recebeu de 150 a 200 milhões de dólares em propina entre 2003 e 2013. Em requerimento enviado à Câmara dos Deputados, a advogada Beatriz Catta Preta recorre à Lei de Organização Criminosa para justificar o pedido de sessão sigilosa. O artigo 5º da lei dá direito ao delator de não ter a identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser fotografo ou filmado sem a prévia autorização por escrito. O pedido da defesa deve ser discutido e votado pela comissão. A audiência de Barusco será a primeira na CPI da Petrobras na Câmara, cujos trabalhos foram iniciados na última semana, e acontece em meio à tensão após a revelação dos nomes dos 47 políticos envolvidos no esquema de lavagem de dinheiro, corrupção e desvio de verbas da petrolífera brasileira. A oitiva de Barusco é resultado de um acordo de líderes parlamentares. O PT quer ouvir Barusco sobre sua revelação de que recebeu propina da holandesa SBM Offshore, ainda em 1997, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Os petistas querem fazer disso um motivo para estender o período investigado pela CPI e, assim, transformar a comissão em um campo de batalha política e atingir o PSDB. Os tucanos também concordaram com o depoimento imediato de Barusco porque o ex-gerente revelou aos investigadores da Operação Lava Jato detalhes sobre como dinheiro desviado da Petrobras foi repassado como propina para o PT. Ele afirmou que cerca de 150 a 200 milhões de dólares foram pagos ao tesoureiro nacional do partido, João Vaccari Neto, entre 2003 a 2013. As revelações de Barusco, ex-braço-direito de Renato Duque, que comandava a Diretoria de Serviços por indicação do ex-ministro da Casa Civil e bandido petista mensaleiro condenado José Dirceu, colocam mais uma vez o caixa do PT no centro do escândalo do Petrolão do PT e devem respingar diretamente nas campanhas políticas do partido, incluindo a da própria presidente Dilma Rousseff.
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