A forte queda no preço do petróleo e dificuldade de obter financiamento levaram a Ogpar, a ex-OGX fundada por Eike Batista, a avaliar o futuro de seu principal campo de petróleo, Tubarão Martelo, na Bacia de Campos. Diante do risco de não se chegar a um ponto de viabilidade econômica, parar a produção temporariamente ou definitivamente são duas das opções possíveis. A informação foi divulgada pela empresa nesta sexta-feira, depois de fechado o mercado. Manter e reduzir a produção são outras possibilidades, que vão depender de estudos já encomendados a uma "empresa especializada". A Ogpar está em recuperação judicial desde o ano passado. Tais opções serão avaliadas pelo conselho de administração e a diretoria da empresa, que se debruçarão sobre o impacto dos cortes de custos já implementados ou em negociação. Entre as medidas, estão a redução de despesas com afretamento de plataformas com a OSX, o estaleiro controlado por Eike Batista, e a redução da equipe em 35% da folha. Na prática, se resolver parar a produção, a Ogpar não deverá mais extrair uma gota de óleo nos próximos meses. Em janeiro, Tubarão Martelo produziu 350 mil barris, ou 80% da produção da Ogpar. O resto vem de Tubarão Azul, cuja produção, iniciada em 10 mil barris em 2012, caiu para menos de 3 mil barris e deve parar de produzir no próximo mês. A empresa informou, ainda, que a ANP (Agência Nacional Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) deu-lhe até 8 de março para provar que ainda é viável extrair petróleo da reserva no atual patamar do preço do petróleo, na faixa de US$ 60,00. A agência exigiu saber quais providências serão tomadas para permitir que o preço de venda supere os custos operacionais, assim como quais eram os investimentos previstos. Se concluir que não haverá melhora nos cenários econômico e financeiro e decidir por parar definitivamente, a Ogpar terá de devolver o campo à ANP. Um plano de desenvolvimento da reserva apresentado em dezembro foi recusado pela agência, "por ser incompatível com o atual preço do petróleo", segundo a Ogpar. Segundo a petroleira de Eike Batista reconhece, a produção já deverá sofrer uma queda de 37%, de 12,7 mil barris por dia para 8 mil barris por dia, "caso o comportamento da produção no campo se mantenha dentro do padrão atual". Mesmo assim, a empresa ainda depende da obtenção de capital de giro para financiar a produção. No entanto, como diz a nota da Ogpar, "a queda no petróleo impossibilitou-lhe obter novos financiamentos necessários para garantir o incremento da produção", conforme era previsto no plano de desenvolvimento de Tubarão Martelo. Caso interrompa a produção, a geração de caixa na Ogpar torna-se ainda mais difícil, jogando incertezas sobre a exploração de outras reservas da empresa que ainda não produzem. O caso mais relevante seria o bloco BS-4, projeto na Bacia de Santos operado pela Queiroz Galvão. Ogpar e Barra Energia são sócios na área, que deve entrar em produção em 2016. No começo de 2014, a Ogpar havia deixado de aportar dinheiro no projeto, tendo retomado meses depois. Paulo Narcélio, presidente da Ogpar, costumava referir-se à BS-4 como "o futuro" da empresa.
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