A revelação da lista com 28 políticos beneficiados no esquema de corrupção na Petrobrás, publicada nesta sexta-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo, a partir da delação premiada do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa ao Ministério Público Federal, pode atrapalhar os planos do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Peemedebistas afirmaram que, se for comprovada a relação de Calheiros com o esquema, o senador alagoano não terá condições de viabilizar sua candidatura à reeleição da principal Casa do Congresso Nacional. "O Renan está enfraquecido e pode ficar ainda mais se aparecer na lista do Youssef", diz um peemedebista, sobre a expectativa da revelação dos nomes apresentados pelo doleiro Alberto Youssef. "O peso (contra Calheiros) virá da delação do Youssef", sugeriu. Henrique Alves está ameaçado de não conseguir se viabilizar como ministro no segundo mandato de Dilma. Ele negocia, com apoio do vice-presidente Michel Temer (SP), uma indicação para o Ministério da Previdência Social e esteve também entre os cotados para Integração Nacional. Deputados peemedebistas foram cautelosos ao comentar a revelação dos 28 políticos mencionados pelo ex-diretor e afirmaram que citação não é prova de envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras. "Por enquanto, prefiro achar que (a delação) não compromete ninguém. Logicamente é desconfortável, mas não tem nada efetivamente", comentou o deputado Lúcio Vieira Lima (BA). Alguns parlamentares se surpreenderam com a inclusão de Alves na lista de Paulo Roberto Costa. O assunto deverá entrar na pauta da reunião de Temer com a bancada do PMDB na próxima segunda-feira (22). O foco da conversa será o espaço do PMDB na reforma ministerial. A tentativa de reeleição de Calheiros já estava sendo contestada nos bastidores pela oposição ao governo Dilma Rousseff, especialmente o PSDB. Agora, senadores do PT e outros partidos da base já estariam conversando sobre não votar pela recondução do presidente do Senado ao cargo. Esse grupo seria formado até agora por 30 dos 81 senadores que compõem a Casa. O bloco de senadores resistentes à reeleição de Calheiros começou a ser formado quando o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, foi citado por Paulo Roberto Costa como integrante do esquema. Machado chegou ao cargo por indicação de Calheiros e está de licença, depois que a consultoria PriceWaterhouseCoopers se recusou a fazer a auditoria do balanço da Petrobrás enquanto ele permanecesse no comando da Transpetro. Peemedebistas da Câmara dos Deputados tentaram desvincular a imagem do líder da bancada Eduardo Cunha (RJ) do atual presidente Henrique Alves, citado na delação do ex-diretor da Petrobrás. Eduardo Cunha é favorito para suceder Henrique Eduardo Alves na presidência da Casa. Por não ter mais mandato parlamentar na próxima legislatura, os peemedebistas consideram que denúncias contra Eduardo Henrique Alves não terão reflexo sobre a candidatura de Eduardo Cunha. Na avaliação dos peemedebistas, a lista de Paulo Roberto não traz prejuízos à campanha de Eduardo Cunha. "O candidato é o Eduardo Cunha e não o Henrique", disse o deputado Leonardo Picciani (RJ). O parlamentar do Rio de Janeiro pregou que o Ministério Público Federal revele o quanto antes o conteúdo da delação premiada. "É preciso saber o contexto em que as pessoas estão sendo citadas", declarou. Já o deputado Danilo Forte (CE) lembrou que a nova legislatura começará sob a pressão da sociedade e que a delação indica que o "modus operandi do processo político do País" está falido. "Vai ter reflexo com certeza na eleição das Mesas Diretoras e na indicação para os ministérios", concluiu.
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