A três meses das eleições para a presidência da Câmara dos Deputados, o PT decidiu reagir ao lançamento da candidatura de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e acelerar a campanha em torno de um nome do partido. Em um contra-ataque à estratégia de Cunha, que nesta semana procurou lideranças partidárias em busca de apoio, deputados petistas confirmaram que vão lançar candidatura própria e já dão corpo à ação, com a criação de uma comissão para angariar votos. O grupo será formado por ex-presidentes da Casa e por nomes influentes do PT. A decisão foi tomada na tarde desta quinta-feira, durante reunião da bancada petista na Câmara. Ao longo de quatro horas, os deputados discutiram como poderiam minar a candidatura de Eduardo Cunha. O temor do PT ao peemedebista não é escondido: “Nós somos o partido do governo e temos o PMDB como aliado. Mas jamais vamos concordar com qualquer candidatura que signifique oposição”, disse o líder do PT, deputado Vicentinho (SP). Um dos discursos mais acalorados dentro do encontro foi feito pelo deputado Amaury Teixeira (PT-BA). Mesmo a portas fechadas, era possível ouvir a preocupação dele: “Não adianta o governo ficar operando como se o Eduardo Cunha fosse da base”, afirmou. A comissão será composta pelos ex-presidentes da Câmara Arlindo Chinaglia (PT) e Marco Maia (RS) – ambos cotados para reassumir o posto em 2015 -, pelo ex-líder do PT, José Guimarães (CE), pelo secretário-geral do PT, Geraldo Magela, e pelo líder Vicentinho. O grupo vai buscar se aproximar de aliados desde já, tendo conversas individuais com representantes partidários. Neste primeiro momento, os petistas preferem não anunciar quem será o candidato do partido - mas não abrem mão do posto. Internamente, o entendimento é que, por ser a maior bancada, com 70 deputados eleitos, o PT deve ter o comando da Casa. No entanto, o sentimento entre os congressistas é que não pode haver uma hegemonia do PT no governo federal e também na Câmara, que representa o segundo na linha sucessória ao presidente da República, atrás somente do vice-presidente. Ainda que seja líder do PMDB, o maior partido aliado ao governo petista, Eduardo Cunha causou dor de cabeça à presidente Dilma Rousseff e tornou-se desafeto do Palácio do Planalto neste ano. Pela atuação do deputado, por exemplo, por pouco Dilma não sofreu uma das maiores derrotas no Congresso Nacional em torno da medida provisória que regulamentava o sistema portuário brasileiro. O deputado também conseguiu adiar a votação do Marco Civil da Internet até às vésperas de encontro da Organização das Nações Unidas (ONU), onde a presidente tinha como meta apresentar a lei como uma resposta à espionagem norte-americana – a matéria só foi aprovada após ser adequada às reivindicações do parlamentar carioca. Mais recentemente, Eduardo Cunha encabeçou a formação de um “blocão” de deputados para pressionar o Palácio do Planalto. O grupo, composto inclusive por parlamentares aliados, foi retomado nesta semana para discutir o apoio à campanha do candidato à presidência da Câmara. Embora a transferência de votos não seja automática, a aliança pode reunir 152 votos para o peemedebista, equivalente a mais de 25% da composição da Casa.
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