A Petrobras e o governo da petista Dilma Rousseff informaram no início da noite desta quinta-feira que reajustaram o preço de venda da gasolina em 3% e o do diesel em 5% nas refinarias, a partir da zero hora desta sexta-feira. Em comunicado ao mercado, a estatal informou que "os preços da gasolina e do diesel sobre os quais incide o reajuste anunciado não incluem os tributos federais Cide e PIS/Cofins e o tributo estadual ICMS". O aumento, que era amplamente esperado pelo mercado, é considerado pequeno frente às necessidades da estatal e às perdas acumuladas no ano. Embora deva dar algum alívio para o caixa da estatal, a alta dos preços deve pressionar a inflação, que já está rondando acima do teto da meta do governo em doze meses. Uma analista avalia que, contudo, o impacto será limitado. "O impacto do aumento da gasolina no IPCA não deve ser muito alto. Aumento de 3% é na refinaria, mas na bomba será menos, então diminui a pressão", afirmou Flavio Serrano, economista sênior do Espírito Santo Investment Bank. "Com esse aumento da gasolina, o IPCA deve fechar novembro com inflação em torno de 0,6%", acrescentou. O reajuste certamente vai refletir nas bombas de gasolina, uma vez que o governo não anunciou nenhuma compensação tributária simultaneamente, como fez em outras ocasiões. O índice de reajuste da gasolina para o consumidor final deve ser menor, pois a gasolina dos postos tem mistura de 25% de etanol anidro, mais barato que o combustível fóssil. Calcula-se que o aumento nos postos deve ser de pouco mais de 2%, e do diesel de 4%, considerando também a diluição do aumento na refinaria ao longo da cadeia do setor de combustíveis, segundo uma fonte do segmento. O aumento anterior da gasolina ocorreu em novembro de 2013, quando a gasolina subiu 4%, e o diesel, 8%. A alta de preços dos combustíveis deve dar algum fôlego para a empresa que tem um dos maiores planos de investimento do mundo corporativo, com dívida crescente, fator que levou a agência de classificação de risco Moody's a rebaixar o rating da Petrobras em outubro. Com o reajuste desta quinta-feira, a gasolina deverá ficar 4% mais cara no Brasil em relação ao mercado externo, e o diesel vai ficar na paridade, segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). "Fiquei impressionado porque o reajuste foi muito baixo para as necessidades da Petrobras. Só para ter uma idéia, para recuperar as perdas da estatal de janeiro a setembro deste ano, tinha que reajustar 20% para a gasolina e 20% para o diesel", afirmou o diretor do CBIE, Adriano Pires, um crítico do atual governo. "É um desgaste muito grande porque eles reajustaram com um percentual mínimo. O controle da inflação prevaleceu e eles não tiveram condições de dar o aumento que precisaria", completou: "O mercado vai até gostar um pouco, mas estavam esperando mais, algo em torno de 5% para a gasolina e 7% para o diesel". A política de preços da Petrobras prevê reajustes anuais capazes de equilibrar os valores cobrados no Brasil com aqueles praticados no Exterior. Desde 2012, os reajustes são alvo de intensos debates no Palácio do Planalto. Primeiramente, foram represados como forma de conter o avanço inflacionário. Mas, diante dos prejuízos bilionários que a empresa passou a acumular com o congelamento, o governo se viu obrigado a autorizar reajustes, ainda que moderados. Sem a elevação dos preços, é a diretoria de Abastecimento da estatal que absorve a diferença entre os valores pagos com a importação de gasolina e aqueles cobrados no Brasil. Na teoria, a política de preços da estatal deve ser definida por sua diretoria executiva, e passa por aprovação do Conselho de Administração. Contudo, na prática, como a elevação está fortemente ligada ao avanço da inflação, a decisão deixou de ser técnica e se tornou política.
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