A Executiva Nacional do PT reuniu-se nesta segunda-feira pela primeira vez após a reeleição da presidente Dilma Rousseff – e deixou claro que o partido não encampou a promessa de “diálogo” feita pela petista no discurso depois de constatada sua vitória nas urnas. Resolução aprovada durante a reunião retoma a pressão por uma antiga obsessão do PT: o controle da imprensa. O texto afirma ser "urgente" a construção da "hegemonia", e que por isso é preciso realizar a reforma política e o que o partido chama de "regulação" dos meios de comunicação, termo utilizado pelos petistas para mascarar uma intenção bastante clara: controlar o que é veiculado pela imprensa no país. O tom da resolução é de combate àqueles que o PT encara como inimigos a serem calados. "É urgente construir hegemonia na sociedade, promover reformas estruturais, com destaque para a reforma política e a democratização da mídia", diz um trecho do documento. O apelo é reforçado mais de uma vez. Depois de serem surpreendidos pelos protestos de 2013 e pelo fim do monopólio petista nas manifestações de rua, os comandantes do partido também pedem um diálogo maior com diferentes grupos: no documento aprovado nesta segunda-feira, eles afirmam que é preciso "compor uma ampla frente onde movimentos sociais, partidos e setores de partidos, intelectuais, juventudes, sindicalistas" possam “debater e articular ações comuns". Depois de uma campanha eleitoral marcada pela agressividade de que o partido da presidente fez uso para não deixar o poder, outro trecho da resolução acusa a campanha tucana dos crimes mais graves que a Executiva conseguiu listar: "A oposição, encabeçada por Aécio Neves, além de representar o retrocesso neoliberal, incorreu nas piores práticas políticas: o machismo, o racismo, o preconceito, o ódio, a intolerância, a nostalgia da ditadura militar". A resolução reforça a narrativa construída com eficiência incomparável pela máquina petista nestas eleições, segundo a qual o tucano desrespeita as mulheres e foi agressivo com a chefe da nação. Mesmo quando parece fazer uma autocrítica, a resolução descamba para os clichês típicos do partido. O texto afirma, por exemplo, que a eleição de 2014 foi a "mais difícil já disputada" pelo PT. Mas, na frase seguinte, em vez de reconhecer os desvios na Petrobras, culpa o "vendaval de acusações". O texto, de oito páginas, afirma que os petistas precisam ser mais proativos na resposta às acusações de corrupção. Culpando o inimigo de sempre, o partido pede atenção porque "setores da direita vão continuar premiando delatores".
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