Banco francês realizou duas importantes aquisições no mercado nacional: a compra dos bancos Pecúnia, dona da marca Credial, e Cacique (John Schults/Reuters/VEJA)
O grupo francês Société Générale, dono dos bancos Cacique e Pecúnia, está se preparando para deixar o Brasil. A instituição financeira começou há quatro meses a negociar seus ativos, afirmaram fontes ao jornal O Estado de S. Paulo. Com um patrimônio líquido consolidado de 1 bilhão de reais (dados de 2013), as operações do Société Generale no Brasil tem fechado no vermelho nos últimos anos. Grandes bancos de varejo, como Bradesco, Santander e Itaú, foram apontados como possíveis interessados. Segundo fontes, os negócios do banco no Brasil chegaram a atrair o interesse de fundos internacionais, mas as negociações não avançaram por questões regulatórias. A venda de parte de ativos do banco também não está descartada. Procurado, o Grupo Société Générale informou, por meio de sua assessoria, que "não comenta sobre especulações ou rumores de mercado". Os bancos Bradesco e Santander também não comentaram o assunto. O Itaú negou que esteja olhando os ativos do banco francês no país. No Brasil desde 1967, o banco realizou duas importantes aquisições no mercado nacional entre 2006 e 2007, com a compra dos bancos Pecúnia, dona da marca Credial, e Cacique, respectivamente, para entrar em crédito consignado. Até então, o Société Générale atuava no Brasil como banco de investimento. O banco Pecúnia abriu portas para a instituição atuar em operações voltadas para o financiamento de automóveis, além de serviço de crédito a lojas de construção civil e vestuário. Com o Cacique, um dos líderes em crédito consignado, o banco francês expandiu sua atuação em financiamento ao consumidor. A compra desses ativos, àquela época, foi considerada relevante para o banco, uma vez que as operações de crédito consignado estavam restritas aos bancos independentes, segundo fontes de mercado. "Hoje, grandes bancos de varejo, como Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, atuam fortemente nesse mercado, esvaziando as operações de instituições independentes, como o Société", disse uma pessoa familiarizada com o assunto. Com a crise financeira de 2008, muitos bancos estrangeiros com atuação no Brasil começaram a rever seu posicionamento. "Era comum bancos estrangeiros captarem recursos de fora mais barato. No entanto, os spreads (a diferença entre o que os bancos pagam na captação de recursos e o que eles cobram ao conceder um empréstimo) no Brasil diminuíram muito", disse a mesma fonte: "Esse é o mesmo dilema de outros bancos estrangeiros que atuam no mercado brasileiro". A subsidiária brasileira do banco francês é competitiva no país em financiamento de máquinas e equipamentos para a indústria e também em aeronaves, mas essa operação não se sustenta sozinha, segundo fontes. Segundo maior banco listado da França, o Société Générale começou a reduzir o número de agências no mercado francês a partir do segundo semestre deste ano, como parte de um processo para enxugar custos. A instituição também começou a reduzir o horário de expediente bancário, em caráter de teste, uma vez que tem caído o número de clientes que vai ao banco. No início de 2013, o banco francês anunciou uma reestruturação global em seu corpo de executivos, após reportar prejuízo no ano anterior, reflexo da fraqueza da economia da zona do euro. No segundo trimestre deste ano, o banco teve alta de 7,8% em seu lucro líquido na comparação com o mesmo período do ano anterior. Os ganhos subiram para 1,03 bilhão de euros, ante 955 milhões de euros do mesmo período anterior. A receita, no entanto, recuou 3,7%, para 5,89 bilhões de euros no período.
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