terça-feira, 30 de setembro de 2014
Preço do carvão desaba e faz Vale desativar mina na Austrália
Os preços em queda do carvão levaram a Vale a suspender as operações de sua mina Isaac Plains, em Queensland, na Austrália. A mineradora explicou que a operação não é economicamente viável diante das atuais condições de mercado e que a decisão foi tomada em conjunto com a japonesa Sumitomo Corporation, que é sócia da empresa brasileira no empreendimento. A diminuição da demanda chinesa por commodities tem provocado uma queda generalizada dos preços de matérias-primas. O do carvão recuou para menos da metade do praticado há três anos. O carvão de coque tem sido negociado recentemente perto de seus níveis mais baixos em sete anos. Só em 2014, o preço caiu mais de 20%. No caso do minério de ferro, as perdas acumulam cerca de 42% neste ano. Nesta terça-feira, o valor do insumo renovou mais uma vez a mínima em cinco anos e abriu a semana em 77,7 dólares a tonelada no mercado à vista chinês. Em nota, a mineradora destacou que "a decisão é consistente com a estratégia da Vale de focar na disciplina da alocação de capital e maximizar valor aos seus acionistas". Já a Sumitomo disse, em comunicado, que espera um prejuízo de 274 milhões de dólares com a mina. A produção de Isaac Plains foi de 210 milhões de toneladas métricas de carvão no ano fiscal encerrado em março de 2014. A Vale é dona de outras duas minas de carvão na Austrália: a Carborough e a Integra (que teve suas atividades paralisadas em maio). A empresa também explora carvão em Moçambique e na China. O preço mais baixo dos insumos não tem prejudicado apenas a Vale. A BHP Billinton e a Mitsubishi informaram recentemente uma redução das operações em Queensland, além da demissão de 700 trabalhadores. Outra mineradora, a New Hope Corp., reduziu sua força de trabalho em 7%, demitindo 45 trabalhadores. No Brasil, o recuo dos preços também tem colocado em xeque a viabilidade de projetos, principalmente daqueles que não têm logística integrada. É o exemplo das siderúrgicas que investem em mineração, como a Gerdau e a Usiminas. No momento, participantes do mercado afirmam ter baixa convicção de que o processo de reestocagem das usinas chinesas levem os preços do minério de ferro novamente para o patamar de 90 dólares a tonelada ou mais. "Sem dúvida há uma realocação de estoques para os portos chineses e os sinais mostram que as usinas estão confortáveis com os níveis de estoques atuais", destacam profissionais do banco BTG Pactual. Os analistas lembram também que as restrições de crédito e a fraca demanda do usuário final, além das expectativas com o aumento da oferta, podem ter influência negativa para a reestocagem, assim como para os preços.
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