domingo, 10 de agosto de 2014
JUSTIÇA ARGENTINA ABRE MAIS UM PROCESSO CONTRA O VICE-PRESIDENTE
A Justiça da Argentina decidiu abrir na sexta-feira mais um processo contra o vice-presidente do país, Amado Boudou. Desta vez, ele vai responder por falsificação de documentos relativos à compra de um automóvel nos anos 90. A investigação sobre o caso foi aberta em 2009. Nos últimos meses, Boudou chegou a prestar um depoimento sobre o caso, em que culpou os despachantes que cuidaram da transação. Mas o juiz Claudio Bonadio acabou entendendo que Boudou usou um formulário falso e com datas alteradas para transferir para seu nome um veículo Honda CRX Del Sol ano 92. De acordo com o juiz, peritos apontaram irregularidades na documentação apresentada por Boudou à época da transferência. Não está claro por que Boudou teria cometido o crime. A Justiça suspeita que ele adiantou propositalmente a data no documento de compra de 1993 para 1992 para não ter que dividir o veículo com sua ex-mulher, registrando assim que a transação teria ocorrido antes do seu casamento. Um dos erros apontados é que na data forjada para a compra – outubro de 1992 –, o veículo nem estava na Argentina: aguardava transporte do Japão para a América Latina. Além de Boudou, a Justiça decidiu processar Agustina Seguin, uma ex-namorada de Boudou que utilizava o carro à época da tramóia, e María Graciela Taboada de Piñero, a despachante que comandou o processo. Ao se inteirar do caso, a oposição argentina aproveitou para pedir novamente o afastamento do braço direito de Cristina Kirchner. O vice já estava enrolado na Justiça por causa do chamado "Caso Ciccone", que em junho resultou na abertura de um processo criminal por suspeita de corrupção contra ele. Em julho de 2010, em investigação de vantagem comercial indevida, o Fisco argentino pediu à Justiça a quebra do sigilo da gráfica Ciccone, que mantém contratos com o governo e vende papel moeda ao Banco Central argentino. A Justiça suspendeu o pedido três meses mais tarde por solicitação da própria empresa, que negociou um plano de pagamentos de multas à Receita. Uma investigação descobriu que o Ministério da Economia, pasta então ocupada por Amado Boudou, teria pressionado o Fisco para favorecer a empresa. Depois do episódio, a companhia foi vendida para o fundo de investimentos The Old Fund, presidida por Alejandro Vandenbroele, que é apontado como testa de ferro de Boudou, embora o vínculo tenha sido negado pelo vice-presidente. Amado Boudou deixou a pasta de Economia depois das eleições de 2011 para ocupar a vice-presidência, mas as denúncias ofuscaram sua carreira política e seus planos de suceder Cristina Kirchner na Presidência do país.
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