terça-feira, 29 de julho de 2014
FUNCIONÁRIO PETISTA DO PALÁCIO DO PLANALTO, USANDO DINHEIRO PÚBLICO, ATACA ADVERSÁRIOS NA INTERNET
Registros na página sobre o ex-ministro da Saúde, o petista Alexandre Padilha, na Wikipédia, sugerem que o responsável pela inclusão de elogios, a partir de um computador da Presidência da República, foi o funcionário petista Fernando Ramos da Silva, que ocupa o cargo de coordenador-geral de produção e divulgação de informações do Palácio do Planalto. Conforme a Folha revelou na segunda-feira (28), um endereço de IP - similar a uma "impressão digital" na internet - registrado em nome da Presidência foi usado para, de forma anônima, incluir elogios e retirar trecho sobre uma suspeita de envolvimento em corrupção na página de Padilha, candidato do PT ao governo paulista. As três mudanças feitas logo após a que foi realizada de dentro do Planalto são assinadas por "Fernandoramosdf" - mesmo apelido que o servidor usa em outras redes sociais. Uma delas tem conteúdo idêntico à alteração que foi feita, anonimamente, pelo IP da Presidência. Ramos também é responsável por editar o Blog do Planalto. No texto, alterado em 10 de dezembro do ano passado, Padilha é descrito como "defensor do SUS e do acesso universal ao sistema, sobretudo de pessoas mais carentes". Também foram incluídos links para páginas oficiais, levando a textos positivos, como o do Ministério da Saúde e do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O texto incluído refere-se à presidente Dilma Rousseff como "presidenta", termo pelo qual ela prefere ser chamada - e que é adotado oficialmente pelo governo federal. Informa, ainda, que Dilma desculpou-se com um médico cubano hostilizado. Na palavras incluídas, o profissional foi "vítima de preconceito e xenofobia quando chegou com grupo de outros médicos cubanos" ao Ceará. Procurado pela Folha, o coordenador-geral de produção e divulgação de informações do Planalto, Fernando Ramos da Silva, não respondeu se ele é o responsável pelas alterações. "Você vai ter que falar com a secretaria de imprensa, viu?", afirmou. Após nova tentativa da reportagem, ele ignorou a pergunta mais uma vez: "É o pessoal do atendimento de imprensa que tem que ver". Procurado desde a última sexta-feira (25) para comentar as alterações na página do ex-ministro Padilha, o Palácio do Planalto não respondeu às perguntas enviadas por e-mail e sugeriu que o pedido fosse feito por meio da Lei de Acesso à Informação. Pesquisa com os IPs registrados em nome do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) e da Presidência mostra que onze deles foram usados para editar artigos na Wikipédia como o do MPL (Movimento Passe Livre) e o do ex-governador de São Paulo, José Serra. O Serpro disse que não poderia comentar por motivos legais, porque a empresa e seus servidores "são obrigados a guardar sigilo quanto a elementos manipulados". (FSP)
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