quinta-feira, 8 de maio de 2014

MINISTÉRIO PÚBLICO GAÚCHO APREENDE CERCA DE 1 MILHÃO DE LITROS DE LEITE ADULTERADO COLOCADO À VENDA, DAS MARCAS HOLLMANN E PAVLAT

Cerca de um milhão de litros de leite adulterado ou fora dos padrões sanitários foram comercializados pelas empresas de laticínios Pavlat e Hollmann desde o início das investigações da quinta fase da Operação Leite Compen$ado, que foi deflagrada nesta quinta-feira pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul O promotor Alcindo Luiz Bastos da Silva Filho, da Vara Especializada de Defesa do Consumidor, garantiu que o Ministério Público estadual dispõe de gravações de conversas telefônicas que comprovam não apenas que os responsáveis pela Pavlat e pela Hollmann sabiam que produtos colocados à venda estavam fora dos padrões sanitários, apresentando uma série de problemas decorrentes do manuseio inadequado e das más condições de transporte e fabricação, mas também que os funcionários das duas empresas eram orientados a adulterar o leite adquirido de produtores rurais gaúchos. "As interceptações telefônicas revelam funcionários como um laboratorista que acusou os parâmetros insatisfatórios do leite sendo orientados a adicionar produtos para dissimular a acidez do leite ou a adulterar documentos", comentou o promotor, revelando que o Ministério Público vai denunciar os donos das duas empresas e o responsável pela política leiteira da Hollmann com base no Artigo 272 do Código Penal, que prevê uma pena de quatro a oito anos para quem corromper, adulterar, falsificar ou alterar substância ou produto alimentício destinado a consumo, tornando-o nocivo à saúde. Os dois empresários e o executivo foram presos na manhã desta quinta-feira. As amostras do produto inspecionado apontam a presença de água e de leite azedo. Além disso, chamou a atenção do Ministério Público o volume de soda cáustica, água oxigenada, bicabornato de sódio e citrado adquirido pelas empresas. O promotor destacou que a ação criminosa prejudica toda a cadeia produtora de leite do Estado. Para ele, as 15 maiores fábricas gaúchas tem um papel importante nos esforços para coibir fraudes. "O leite cru não pode ser comercializado. Portanto, se essas indústrias adotarem todas as medidas para impedir esse tipo de prática, de nada vai adiantar adulterar o leite nas fases de produção, transporte ou resfriamento", disse o promotor, acrescentando que o produto adulterado só chegará às mãos do consumidor final se produtoras como a Pavlat e a Hollmann forem negligentes ou coniventes. A quinta fase da Operação Leite Compen$ado foi desencadeada na manhã desta quinta-feira em dez cidades do Vale do Taquari e do Vale do Sinos. Além de Paverama, sede da Pavlat, e de Imigrante, onde está sediada a Hollmann, os mandados de busca e apreensão e de prisão também foram cumpridos em Teutônia, Arroio do Meio, Encantado, Venâncio Aires, Marques de Souza, Travesseiro, Novo Hamburgo e Cruzeiro do Sul. Segundo os promotores responsáveis por coordenar a operação, os produtos adicionados ao leite eram usados para corrigir a acidez do leite cru que, por estar se deteriorando, seria inutilizado. As empresas investigadas vinham adquirindo esses produtos químicos em larga escala, o que chamou a atenção das autoridades. No leite cru não é permitida a adição de nenhum produto, seja durante a coleta ou o transporte em caminhões refrigerados. Ou seja, dos postos de captação até chegar à indústria processadora, nenhum conservante pode ser adicionado. Já durante o processamento do leite UHT a legislação permite que a indústria adicione o citrato ao leite UHT, de acordo com a Portaria 370, de 1997, do Ministério da Agricultura. Soda cáustica, bicarbonato de sódio, água oxigenada... Nada disso é para ser adicionado e se encontrados no leite indicam que houve uma adição fraudulenta desses compostos.

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