O Congresso instalou nesta quarta-feira a CPI mista da Petrobras (com deputados e senadores) que vai investigar denúncias de irregularidades na estatal. Ao contrário da CPI da Petrobras do Senado, que sofre boicote da oposição, a comissão mista de inquérito tem apoio de congressistas do DEM e PSDB – que compareceram em peso à primeira sessão. Pré-candidato do PSDB à Presidência da República, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) assumiu temporariamente a liderança do partido no Senado para poder participar da instalação da CPI e eleger o seu comando. A oposição tentou eleger senadores “independentes” para o comando da CPI, mas aliados da presidente Dilma Rousseff conseguiram emplacar o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) como presidente da comissão por 19 votos a 10. O senador Gim Argello (PTB-DF) foi eleito vice-presidente da CPI com 18 votos contra 11.
Vital do Rêgo já preside a CPI do Senado da Petrobras, composta integralmente por governistas. O peemedebista, que é fiel aliado do Palácio do Planalto, vai acumular as presidências das duas comissões de inquérito. O deputado Marco Maia (PT-RS), ex-presidente da Câmara, foi designado relator da CPI mista. Maia também mantém postura alinhada com o Palácio do Planalto e foi relator da CPI do Apagão Aéreo, em 2007. A oposição lançou a chapa dos deputados Enio Bacci (PDT-RS) e Fernando Francischini (PSDB-PR) para a presidência e vice-presidência da CPI, mas as indicações foram rejeitadas pela maioria governista. “É um protesto contra essa dominação que quer estabelecer o governo nessa comissão”, disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Ao contrário do que afirmam congressistas do PSDB e DEM, os aliados de Dilma sustentam que não é tradição do Congresso dividir o comando de CPIs com a oposição. “Não é verdade aqueles que dizem que é tradição da Casa dividir trabalhos”, disse a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). Dos 32 membros titulares da comissão, apenas 10 são de partidos oposicionistas – embora três deputados do PMDB sejam considerados de postura mais “independente”, como o líder Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Membro mais idoso da CPI, o senador João Alberto (PMDB-MA) presidiu a primeira sessão da comissão de inquérito. Com a escolha do presidente, a CPI pode começar os trabalhos de investigação da estatal.
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