sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Polícia Federal já avisou MEC que vazamento do Enem foi maior, diz procurador da República
O Ministério da Educação já foi informado pela Polícia Federal que o vazamento de questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2011 foi mais extenso do que a pasta admite. Quem garante é o procurador da República no Ceará, Oscar Costa Filho, o mesmo que, logo após a realização da prova, nos dias 22 e 23 de outubro, requereu que as 14 questões vazadas fossem canceladas em todo o Brasil. O pedido, contudo, foi negado pelo MEC e, posteriormente, pela Justiça federal, que cancelou apenas os 14 testes das provas de estudantes do Colégio Christus, de Fortaleza. De acordo com Costa Filho, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), autarquia do MEC responsável pelo Enem, questionou oficialmente a Polícia Federal sobre o inquérito que investiga o vazamento das questões para estudantes do Christus e também para o curso pré-vestibular da instituição. “A resposta da Polícia Federal foi clara, já foram apurados fortes indícios de que os alunos do pré-vestibular também tiveram acesso ao material didático distribuído pelo colégio”, afirma o procurador. E acrescenta: “Eu já recebi informações de que o vazamento não ficou restrito ao colégio e cursinho Christus, outras escolas da rede afiliada também receberam as apostilas com as questões do Enem". Diante do quadro, o procurador pergunta: “Se o MEC já foi informado sobre a extensão do vazamento, por que ainda não tomou uma atitude em relação a isso?” Agora, Oscar Costa Filho prepara um ofício enderaçado ao MEC, pelo qual pede esclarecimentos sobre o assunto. O vazamento das questões para estudantes do cursinho já havia sido confirmado há mais de um mês. O MEC, contudo, ignorou evidências e depoimentos de estudantes e manteve a decisão de anular apenas questões de participantes do Colégio Christus. Na terça-feira, a procuradora Maria da Candelária Di Ciero encaminhou à Polícia Federal ofício solicitando que as investigações sobre o vazamento se foquem nas responsabilidades do MEC e do Inep no episódio. Diz o texto da procuradora: “à luz de veementes indícios de que o vazamento do ENEM 2011 não se teria consumado sem a concorrência a informações privilegiadas oriundas de atores e processos sob responsabilidade do INEP/MEC, o que afasta a hipótese de um fenômeno que teve início e fim, exclusivamente, no âmbito local, REQUISITA deligências no sentido de que sejam investigados e ouvidos os elaboradores e revisores envolvidos". Isso inclui elaboração das questões, pré-testagem e produção da prova do Enem 2011. O episódio do vazamento teve início quando um aluno postou nas redes sociais fotos de uma apostila do Christus com as questões do Enem. Costa Filho ajuizou, em seguida, uma ação civil pública pedindo a anulação parcial ou total do exame. Uma liminar chegou a ser concedida ao Ministério Público Federal do Ceará, mas foi cassada pelo presidente do Tribunal Regional Federal da 5ª Região no dia 4 de novembro. A decisão foi confirmada no dia 16 do mesmo mês.
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