quinta-feira, 9 de junho de 2011
Relator vota contra fusão Sadia/Perdigão
O relator do processo de fusão entre a Sadia e a Perdigão no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), Carlos Ragazzo, votou pela reprovação da fusão entre as empresas Sadia e Perdigão. A fusão das duas empresas gerou a companhia BR Foods. Em seu voto de mais de 500 páginas, que levou quase seis horas para ser lido, Ragazzo disse não haver alternativa para impedir que a operação cause uma concentração de mercado muito grande e prejudicial ao consumidor. Além de Ragazzo, outros quatro conselheiros votarão e decidirão o futuro da Brasil Foods, empresa formada após a fusão em 2009. Se o Cade reprovar a operação, a empresa poderá recorrer ao judiciário, mas mais de 80% das decisões do conselho são mantidas pela Justiça. Se o voto do relator for seguido, em prazo não divulgado as duas empresas terão que desfazer a operação. O julgamento do caso Sadia e Perdigão, porém, foi adiado após um pedido de vistas do conselheiro Ricardo Ruiz. Ragazzo afirmou que a operação poderá levar a aumento nos preços dos produtos das duas empresas de até 40%. "Raramente se vê, na análise antitruste, uma operação na qual a probabilidade de danos de mercado ao consumidor se mostra de maneira tão substancial e evidente. A aprovação desse ato tem o condão de causar aumento de preço e danos extremos aos consumidores", afirmou Ragazzo. Segundo o conselheiro, juntas, as empresas não terão mais concorrentes à altura. Ele afirmou que os ganhos para a economia do Brasil não podem se sobrepor aos direitos dos consumidores. "A única concorrente efetiva da Sadia sempre foi a Perdigão e vice-versa. Após a operação todas as opções de desvios do consumidor estarão sob controle de uma mesma firma. Estarão eles reféns", completou. De acordo com o relator, a participação de mercado das duas empresas juntas ultrapassa os 60% em quase todos os mercados analisados.
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