quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Teólogo alemão Gotthold Hasenhüttl abandona a Igreja Católica
O teólogo crítico alemão Gotthold Hasenhüttl abandonou oficialmente a Igreja Católica, da qual pediu sua saída no registro civil de Saarbrücken. O professor emérito de teologia, de 76 anos, considera que a Igreja Católica nada mais é do que "uma corporação administrativa" interessada exclusivamente em arrecadar seus impostos religiosos, razão pela qual não pode ser considerada "uma comunidade de fé". Hasenhüttl também joga na cara da cúpula da Igreja Católica da Alemanha sua forma deficiente de abordar os casos de abusos sexuais cometidos por religiosos com menores de idade, escândalo que sacudiu a Alemanha durante os últimos meses. O abandono da Igreja Católica perante o registro civil é o passo legal necessário para ser eximido do pagamento de impostos religiosos na Alemanha em benefício dessa confissão. "A instituição da Igreja já não se preocupa com o indivíduo e nem com os impulsos teológicos, mas trata-se de uma instituição paralisada e de orientação fundamentalista", declara Hasenhüttl. O teólogo entrou em colisão com a alta hierarquia da Igreja Católica em 2003, quando foi suspenso do sacerdócio por convidar fiéis protestantes a participar de uma eucaristia católica durante a primeira Jornada Ecumênica da Igreja, em Berlim. Como Hasenhüttl não demonstrou arrependimento por sua iniciativa ecumênica, o então bispo de Trier e hoje arcebispo de Munique, o conservador Reinhard Marx, lhe proibiu em 2006 de continuar o exercício da docência em teologia. O teólogo recorreu ao Conselho Papal de Textos Legais que, em 2006, destacou que um simples abandono formal da Igreja não pressupõe uma perda da fé, razão pela qual o afetado não é, por isso, excomungado. Gotthold Hasenhüttl expressa ainda sua decepção pela falta de resposta a uma carta enviada ao atual bispo de Trier, Stephan Ackermann, na qual anunciava que "sem dúvida" não abandona "a Igreja Católica como comunidade de fé". "Se a Igreja Católica como instituição voltar a se orientar pela mensagem de Jesus Cristo, buscarei novamente meu lugar nela", escreveu o teólogo em sua carta ao bispo para a qual ainda espera resposta.
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