O comitê da pré-campanha da candidata à Presidência Dilma Rousseff teve em mãos um dossiê sobre a filha do adversário José Serra (PSDB) com documentos reunidos pelo PT paulista. Tal papelada havia sido utilizada pelo partido em 2005 para solicitar ao Ministério Público a abertura de inquérito sobre uma empresa de Veronica Serra e do marido, Alexandre Bourgeois. O nome de Veronica voltou ao noticiário da campanha presidencial na semana passada. A Receita admitiu que a filha do candidato tucano teve as declarações de bens e de renda violadas, a partir de procuração falsa. Serra tem responsabilizado Dilma pela quebra de sigilo. O jornal Folha de S. Paulo teve acesso a cerca de cem páginas do dossiê do PT paulista sobre Veronica. É o resultado de pesquisa em cartórios de registros de documentos, na Junta Comercial de São Paulo e em sites na internet. Não há nesse lote de papéis indício de quebra de sigilo bancário ou fiscal. A papelada circulou no "grupo de inteligência" que no início do ano trabalhava para o comitê de Dilma, equipe que foi desmantelada quando a imprensa noticiou sua existência e as tratativas de contratar "arapongas" para espionar oponentes e até mesmo aliados. O material é idêntico ao que o partido havia encaminhado cinco anos antes ao Ministério Público estadual e à Procuradoria da República de São Paulo. O pedido de abertura de inquérito foi uma iniciativa do então líder da bancada petista na Assembleia Legislativa, Cândido Vaccarezza. Hoje ele é deputado federal, líder do governo na Câmara e apontado como um dos favoritos a ocupar a presidência da Casa a partir de 2011. Em junho de 2005, Vaccarezza chegou a propor uma CPI na Assembléia para investigar uma suspeita levantada pelo PT de que a empresa de Veronica e do marido havia sido favorecida em leilões na CPTM (companhia de trens), no Metrô e na Sabesp (empresa de saneamento). As apurações do PT a respeito de Veronica começaram logo após o primeiro turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo, em 2004. Serra era o candidato do PSDB e viria a ganhar a disputa contra a então prefeita petista Marta Suplicy (PT). Em 2005, a Procuradoria da República paulista abriu procedimento administrativo (investigação prévia presidida por um procurador) para averiguar "crimes contra a ordem tributária e fraude em licitação" desses leilões. O procedimento deu origem a uma ação judicial, que passou a tramitar na 8ª Vara Federal Criminal paulista. Contudo, em 2006, o próprio procurador responsável pelo caso pediu o arquivamento da ação. Veronica e seu marido não chegaram a ser chamados nem acusados de nenhuma irregularidade. O caso foi arquivado na Justiça Federal e no Ministério Público em 2008.
Nenhum comentário:
Postar um comentário