Dois anos após a quebra do banco Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, considerado o marco da crise econômica mundial, a indústria brasileira ainda não se recuperou totalmente da turbulência nos mercados. Segundo estudo divulgado nesta quinta-feira pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), 59% das empresas afetadas pela turbulência ainda sentem seus efeitos. Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de Política Econômica da entidade,, afirmou que o impacto da crise foi forte e não pode ser desprezado. "É como uma pessoa que passou seis meses desempregada e depois consegue um emprego com um salário equivalente ao que ganhava. Ela demora um tempo até poder voltar ao patamar de antes. É assim com a indústria", afirmou. Segundo ele, sem a crise, a indústria poderia, seguida a média de crescimento pré-turbulência, acumular um patamar de crescimento de mais de 10% nesses dois anos. "Demorou pelo menos dois anos para a situação voltar ao patamar de antes", disse. As principais influências negativas da crise para as indústrias brasileiras podem ser observadas no acesso ao crédito e na demanda externa. "Muitas empresas observam o corte de linhas de crédito internacionais e também a retração da demanda externa, que ainda não retomou o pré-crise. Os resultados da pesquisa comprovam que a demanda interna sustenta a recuperação da indústria", afirmou Castelo Branco. Para 35% das empresas entrevistadas, o acesso ao crédito continua mais difícil do que antes da crise. Ao todo, 21% das indústrias que tiveram investimentos cancelados em decorrência dos problemas ainda não os retomaram, e 27% retomaram, mas com montante planejado menor. Dos 27 setores da indústria de transformação, 74% consideram que os impactos da crise ainda não foram superados. Em relação às exportações, 51% das companhias que vendem para o exterior afirmam que a demanda externa ainda é menor do que antes da crise, sinal da dificuldade de recuperação dos mercados globais. Nos setores de couros, madeiras e máquinas, chega a 70% a fatia das companhias que sentem uma retração da demanda. A CNI informou ainda que, da indústria de transformação, apenas sete de 27 setores afirmam que os impactos da crise foram superados: refino de petróleo, limpeza e perfumaria, papel e celulose, equipamentos hospitalares e de precisão, materiais eletrônicos, bebidas e borracha. "Nesses setores, é preponderante a demanda interna", aponta Castelo Branco.
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