A confissão "forçada" na TV de Sakineh Mohammadi Ashtiani, a iraniana condenada a morte por apedrejamento, "esmaga todos os valores sociais e a dignidade humana" e "viola muitos acordos internacionais", acusa o Comitê de Mulheres do Conselho Nacional de Resistência do Irã. A TV estatal iraniana exibiu na noite da última quarta-feira uma entrevista no programa "20:30" com Sakineh, de 42 anos, confessando ter discutido com um homem sobre o assassinato do marido. A mulher aparece com véu preto que cobre quase todo o corpo, a imagem distorcida no rosto e a voz encoberta pela tradução de um dialeto regional para o persa. O Comitê de Mulheres acusa o regime fascista islâmico de, sob pressão da opinião pública mundial, "forçar essa prisioneira, após dois dias de tortura, a participar de um show televisionado nojento e confessar contra ela mesma e seu advogado". "Forçar presos políticos a participarem de shows televisionados tem sido um método conhecido e vergonhoso por mais de três décadas do governo do mulá", afirma o comunicado. "Mas usar esse método para acusações de imoralidade e contra uma mãe indefesa de duas crianças pequenas, em frente aos olhos de milhões de espectadores, é uma brutalidade sem precedentes", acrescentou o movimento feminista. Houtan Kian, atual advogado de Sakineh Mohammadi Ashtiani, disse que a iraniana foi torturada por dois dias antes de concordar em aparecer em um programa de TV do Irã e confessar o assassinato do marido. "Ela apanhou muito e foi torturada até aceitar aparecer em frente à câmera. Seu filho de 22 anos, Sajad, e sua filha de 17 anos Saeedeh estão completamente traumatizados por assistir ao programa", disse Kian, em entrevista ao jornal britânico "The Guardian". Kian confirmou a identidade de Sakineh e disse ao "Guardian" que a entrevista foi gravada na prisão Tabriz, onde Sakineh está há quatro anos.
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