O jornalista uruguaio Roger Rodríguez, reconhecido como o melhor investigador de casos que envolvem violações aos direitos humanos, vai enfrentar nesta quinta-feira, em uma Vara Criminal em Montevidéu, um processo por “difamação e injuria”, ajuizado por Enrique Mangini Usera, major aposentado do exército do Uruguai, a quem denunciou publicamente por haver participado do assassinato de um estudante em 1972. O major Enrique Mangini Usera, de obscura trajetória militar, reapareceu no dia 30 de outubro do ano passado, especialmente na televisão uruguaia, posando ostensivamente como guarda-costas do general Iván Paulós, ex-chefe do serviço de informações. O general Ivan Paulós, compareceu ante a Justiça, na condição de testemunha, no processo em que é réu o ex-ditador general Gregório “Goyo” Alvarez (atualmente preso), no qual é acusado por crimes de desaparição, tortura e crimes de lesa humanidade. Também o acompanhava na tarefa de “segurança” o conhecido seqüestrador e torturador coronel Eduardo Ferro. Este indivíduo, no dia 12 de novembro de 1978, junto com policiais do DOPS Delegacia de Ordem Polícia e Social), comandados pelo delegado Pedro Sellig, seqüestraram em Porto Alegre os uruguaios Lilian Celiberti, seus dois filhos menores, e o jovem estudante Universindo Rodriguez Diaz. Na ocasião, o ex-major Mangini, que fazia questão de exibir um potente revolver, que levava sob o casaco, aproveitava para manifestar frente a jornalistas e vários militares aposentados, seu incondicional apoio ao velho chefe dos “arapongas” uruguaios. Em matéria publicada no jornal “La República” (de Montevidéu), o jornalista Roger Rodríguez revelou a identidade de Mangini, e o denunciou como membro da organização estudantil de ultra-direita “Juventude Uruguaia de Pé”, grupo com a qual, no dia 11 de agosto de 1972, invadiu armado, e atirando, uma escola de segundo grau (liceo), ocasião em que foi assassinado o estudante Santiago Rodríguez Muela. Pelas leis uruguaias, a audiência será pública e, poderá resultar em uma condenação a pena de prisão, ao jornalista Roger Rodríguez, invertendo totalmente a lógica da Justiça. Ou seja: o denunciante de um crime sendo condenado. Roger Rodríguez é um jornalista reconhecidamente comprometido com os Direitos Humanos, seu trabalho de jornalista investigativo, permitiu encontrar um menino desaparecido e, revelou ao mundo a existência de traslados de perseguidos políticos, em clássicas “Operação Condor”. O Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, no dia 10 de dezembro de 2002, prestou-lhe homenagem, conferindo-lhe o XIXº Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo, entregue pelo conselheiro Jair Krischke.
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