segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008
Ativos financeiros crescem bem mais que "economia real", bolha especulativa tem que explodir
Os ativos financeiros, representados por ações, debêntures, títulos públicos e depósitos bancários, crescem cada vez mais, e se tornaram completamente descolados da economia real. Isso está demonstrado no levantamento anual do McKinsey Global Institute. Segundo o estudo, os ativos financeiros têm crescido mais nos últimos anos do que na média histórica. Em 2006, o volume de ativos financeiros aumentou 17% em todo o mundo, atingindo US$ 167 trilhões. A tendência no ano passado continuou em alta. No início da década, os mesmos ativos giravam em torno de US$ 90 trilhões e, em 1980, eram de US$ 12 trilhões. O PIB dos países também cresceu, porém em proporção bem menor. Em 2006, o crescimento dos bens e serviços produzidos em todo o mundo foi de quase 8% comparado a 2005 e alcançou US$ 48,3 trilhões. No início da década de 90, o PIB mundial girava em torno dos US$ 20 trilhões e, em 1980, era de US$ 10 trilhões. Para economistas, o descolamento entre os ativos financeiros e a economia real é uma das principais causas das recentes crises financeiras e das fortes oscilações nos mercados. "Essa liqüidez fantástica viabilizou o mercado produtivo e fez explodir os investimentos diretos estrangeiros, os avanços tecnológicos e o comércio internacional", afirma Antonio Corrêa de Lacerda, professor do departamento de economia da PUC-SP. "O lado ruim, no entanto, é a volatilidade", porque aumentou o peso relativo das transações financeiras na economia. De acordo com o instituto McKinsey, o peso entre os ativos financeiros e a economia real se equivaliam em 1980. Em 2000, ele já era o triplo do PIB e, em 2006, ficou em 3,5 vezes. "É um crescimento irracional, e a idéia de que haverá apenas uma correção não faz sentido", diz Reinaldo Gonçalves, professor de economia internacional da UFRJ. "Não haverá parada suave para um mercado que vinha a 250 km/h”. O relatório McKinsey alerta que o maior peso financeiro pode levar a "correções dolorosas", caso a alta seja causada por uma elevação irreal das ações ou pelo endividamento público excessivo.
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