Mario Neira Barreiro, de 54 anos, ex-agente do serviço de inteligência do governo uruguaio, que está preso na penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC, no município de mesmo nome, no Rio Grande do Sul), desde 2003, disse que o ex-presidente João Goulart foi morto envenenado a pedido do governo brasileiro. Ele disse que concluiu assim depois de ter permanecido quatro anos espionando Jango. João Goulart morreu no dia 6 de dezembro de 1976, na Argentina, oficialmente de ataque cardíaco. Ele governou o Brasil de setembro de 1961 até ser deposto por um golpe militar, em 31 de março de 1964, quando foi para o exílio. Mario Neira Barreiro disse que Sérgio Paranhos Fleury (que morreu em 1979), delegado do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) de São Paulo na época, era a ligação entre a inteligência uruguaia e o governo brasileiro. A ordem para que o presidente Jango fosse morto partiu de Fleury, disse ele. As escutas, feitas e transcritas por Barreiro, teriam servido de motivo para matar Jango. Segundo a matéria, a autorização para que isso ocorresse partiu do então presidente Ernesto Geisel (1908-1996) e foi transmitida a Fleury, que acertou com o serviço de inteligência do Uruguai os detalhes da operação, chamada Escorpião. Conforme ele, a operação teria sido acompanhada e financiada pela CIA. Diz Mario Neira Barreiro que o plano consistia em pôr comprimidos envenenados nos frascos dos medicamentos que Jango tomava para o coração. O efeito seria semelhante a um ataque cardíaco. As cápsulas envenenadas eram misturadas aos remédios no Hotel Liberty, em Buenos Aires, onde morava a família de Jango, na fazenda de Maldonado, e no porta-luvas de seu carro. Embora em uma série de detalhes a versão de Mario Neira Barreira pareça fantasiosa, é preciso não esquecer que os serviços de segurança do Cone Sul mataram o ex-presidente chileno Eduardo Frei.
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