O PT é um partido muito estranho. Passou a vida inteira, no Rio Grande do Sul, denunciando os outros partidos como privatistas, e a suposta dilapidação dos recursos oriundos de vendas de ativos estatais. Em primeiro lugar, o próprio PT, no governo Olívio Dutra, dilapidou em torno de 2 bilhões de reais, com a contratação de cerca de 53 mil novos funcionários. Agora, com a abertura do capital do Banrisul, o Tesouro do Estado obteve 1,8 bilhão de reais, colocados em um fundo especial, imexível, para constituição da previdência dos funcionários estaduais. Eis que um deputado estadual do PT, Raul Pont (do grupelho trotskista DS – Democracia Socialista) propõe que parte dos recursos do fundo seja utilizada para o pagamento do 13º do funcionalismo público gaúcho. O PT resolveu emendar o projeto do governo Yeda Crusius (PSDB), que autoriza o pagamento do 13º salário por meio de um empréstimo do Banrisul. Pela emenda, parte do 13º e da folha de dezembro dos ativos, inativos e pensionistas poderão ser pagos com recursos do fundo formado com a venda das ações do Banrisul. O dinheiro terá de ser reposto ao longo de 2008, corrigido pelo mesmo índice de rendimento dos fundos. Como os juros pagos pelo empréstimo são superiores aos recebidos pela aplicação do fundo, o Estado pode economizar mais de R$ 20 milhões com essa medida, calcula o genial líder da bancada do PT, deputado estadual Raul Pont. Nesta segunda-feira, Raul Pont pretende conversar com outras bancadas e propor que a emenda seja avalizada por outros partidos. Diz ele: “Acho difícil que alguém com bom senso vá votar contra isso só porque é uma proposta do PT. Para o governo, a proposta do PT é uma mão na roda, permite ao Estado economizar de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões sem arcar com o custo político de quebrar a palavra empenhada quando mandou para a Assembléia um projeto blindando os recursos, que não podem ser usados para despesas correntes”. É claro que a proposta de Raul Pont foi saudada com entusiasmo pelo diretor da Despesa da Secretaria da Fazenda, o petista Mateus Bandeira. Existe uma explicação para tal surto de bom-mocismo do PT gaúcho: os petistas do Rio Grande do Sul estão convictos de que ganharão a próxima eleição para o Estado, e querem chegar lá tendo a autorização para detonar os recursos do fundo sem ter de dar muita explicação. Petista não faz nem favor de graça.
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