terça-feira, 30 de outubro de 2007

Quando um programa de televisão serve a interesses não explicitados aos telespectadores (1)

Nas décadas de 70 e 80, na redação do jornal O Estado de S. Paulo, vigorava uma norma que era conhecida de todos os jornalistas. A matéria de interesse da direção do jornal chamava-se “matéria 500”. Quando o secretário, ou diretor de redação, queria assinalar para um editor de seção, ou para um redator, a origem da matéria, escrevia grande, no alto da lauda, em cor vermelha, a inscrição “500”. Era o sinal. Todos já sabiam que o personagem envolvido na matéria precisava ser “elogiado”. Na noite desta segunda-feira, na TV Com (emissora da RBS TV), tivemos um caso específico de “Programa 500”. Um estranho “Programa 500”. Para começar, a produção do programa, exercida pelo jornalista Rogério Carbonera, sempre se cansou de dizer que procurava um equilíbrio na distribuição das quatro vagas na bancada, além do apresentador Lasier Martins. Desses quatro, dois eram petistas, e os outros dois representantes de outros partidos. Essa divisão nunca convenceu. Em primeiro lugar, porque o PT não tem, nunca teve, metade do eleitorado gaúcho, nem metade dos mandatos das casas legislativas. Só para exemplicar: na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, atualmente, de 55 deputados estaduais, o PT tem apenas 9. Na Câmara Municipal de Porto Alegre, de 36 vereadores, o PT tem apenas 10. E, no eleitorado, o PT nem alcança um terço dos votos. Portanto, esse critério adotado pela produção do programa Conversas Cruzadas já é falho de origem, produzindo um benefício em termos de tempo de televisão, durante anos a fio, para os membros do PT.

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