segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Ex-interno da Febem afirma que fazia sexo com padre Júlio Lancelotti

Anderson Marcos Batista, ex-interno da Febem, acusado de extorsão pelo padre Júlio Lancelotti, em São Paulo, disse à polícia que manteve um relacionamento homossexual com o religioso por cerca de oito anos em troca de dinheiro e negou ter praticado extorsão. "Era tudo presente", disse o advogado de Batista, Nelson Bernardo da Costa, que deu detalhes do depoimento. A polícia paulista confirmou que as declarações do ex-interno foram nessa linha. Padre Julio não quer dar entrevistas, mas já contratou um advogado, o petista Luiz Eduardo Greenhalgh, que atuou em outro caso de grande repercussão, o do assassinato do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, que acabou completamente bagunçado. Anderson Marcos Batista foi preso na noite de sexta-feira no centro de São Paulo, com a sua mulher, Conceição Eletério, e Evandro dos Santos Guimarães, irmão de Everson dos Santos Guimarães, preso em flagrante em 6 de setembro, sob a mesma acusação. O trio estava foragido desde 9 de outubro. Em agosto, o padre procurou a polícia para denunciar Anderson Marcos Batista. Disse que o ex-interno o chantageava e fazia ameaças, entre elas que iria denunciá-lo falsamente por pedofilia. Na ocasião, padre Júlio disse ter pago R$ 50 mil a Batista, em três anos. Na última terça, ele corrigiu o valor para R$ 80 mil. Agora Greenhalgh disse estimar em R$ 140 mil a R$ 150 mil a quantia repassada. Lancelotti afirma ter entregue o dinheiro por medo de ser agredido pelo grupo e, ainda, por crer que "poderia mudar as pessoas que o extorquiam". O advogado de Anderson Marcos Batista, Nelson Bernando da Costa, disse que a quantia repassada pelo padre a seu cliente foi de R$ 600 mil a R$ 700 mil em oito anos. Com esse dinheiro, segundo o advogado, o ex-interno comprou carros de luxo e uma casa. O delegado André Luiz Pimentel disse que todos os detalhes narrados serão investigados, inclusive com o pedido de quebra do sigilo de uma conta bancária citada por Batista e atribuída ao padre Julio Lancelotti. Anderson Marcos Batista, segundo o advogado, não tem provas documentais do relacionamento sexual com o padre, mas descreveu detalhes do corpo do padre que podem ser comprovados. De acordo com Costa, seu cliente disse que as relações sexuais passaram de um abuso, durante a adolescência, para um consentimento, no início da fase adulta. Segundo ele, o padre Julio Lancelotti ficou com ciúmes do casamento do ex-interno, há cerca de um ano. Ainda segundo o advogado, Anderson Marcos Batista declarou que as relações ocorriam após as missas celebradas pelo padre Júlio Lancelotti, nos fundos da igreja, em um quartinho. Anderson Marcos Batista também disse ter conhecimento de que o padre Julio Lancelotti tinha relações sexuais com outros adolescentes, também da antiga Febem. O padre Júlio Lancelotti pode ter o sigilo bancário quebrado pela polícia para apurar transferências de recursos para o ex-interno da Febem. O delegado do Setor de Investigações Gerais, André Luis Pimentel, afirmou no sábado que vai apurar o valor da extorsão.

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