terça-feira, 11 de setembro de 2007

Moradores de Nova Santa Rita bloqueiam Tabaí-Canoas em protesto contra lixão

A BR 386, conhecida como Tabaí-Canoas, que faz a ligação da Região Metropolitana da capital gaúcha com o Interior do Estado, foi completamente bloqueada na manhã desta segunda-feira, durante uma hora e meia, entre 6h30 e 8 horas, por centenas de moradores da cidade de Nova Santa Rita, liderados pela vereadora Giovana Fagundes (PT), que estão contra a instalação do lixão da empresa Multti Serviços. Durante o bloqueio, que paralisou o trânsito nas duas pistas desta rodovia federal, formou-se um congestionamento de mais de sete quilômetros em cada lado da estrada, atingindo até a BR 116, que liga Porto Alegre a Novo Hamburgo. O bloqueio da estrada, que poderá se repetir, demonstra a revolta da população de Nova Santa Rita contra a instalação do aterro sanitário (lixão) da Multti Serviços, que está sendo construído ao lado da rodovia Tabaí-Canoas, e a poucos metros das margens do Rio dos Sinos, que já sofreu, em um outubro de 2006, o maior desastre ambiental de sua história, promovido pela empresa Utresa (outro lixão, localizado no município de Estância Velha), resultando na mortandade de quase 90 toneladas de peixes. Na sexta-feira passada, dia 7 de Setembro, alunos de escolas municipais de Nova Santa Rita desfilaram com camisetas contra a instalação do lixão da Multti Serviços. O bloqueio da estrada federal teve o objetivo, conforme a vereadora Giovana Fagundes, de sensibilizar a governadora Yeda Crusius para o crime ambiental que está sendo produzido na cidade, e alertar a sociedade gaúcha para a possibilidade de ocorrência de uma tragédia ambiental sem limites em função deste lixão. A vereadora Giovanna Fagundes é autora das denúncias junto a Câmara Municipal de Nova Santa Rita e também de ação popular ajuizada em Canoas, que tramita com o juiz Fabio Koff Junior. Este juiz não concedeu liminar na ação popular para interromper os trabalhos da empresa Multti Serviços, mas despachou rápido uma liminar favorável à Multti Serviços no mandado de segurança que a empresa ajuizou contra a decisão da Fepam (Fundação Estadual do Meio Ambiente), que determinara a interrupção dos trabalhos da empresa por constatação de fraude no processo de licenciamento ambiental, após auditoria realizada no mesmo. O bloqueio da estrada também foi uma atitude de repúdio da população contra a iniciativa do Batalhão Ambiental da Brigada Militar, que visitou vários empresários da cidade e os notificou. Ocorre que o empresariado de Nova Santa Rita é totalmente contrário à instalação do lixão na cidade. A iniciativa do Batalhão Ambiental da Brigada Militar, que nunca fez uma inspeção no lixão, foi vista pelos moradores locais como uma forma de intimidação dos empresários e dos moradores do município para que não se oponham ao projeto da Multti Serviços, mas o resultado foi o oposto. O lixão estão sendo instalado em uma área onde há aflorações do lençol freático, o que demonstra que o terreno é completamente inadequado para a instalação de um aterro sanitário. Isso está comprovado, por meio de laudo técnico, na ação popular ajuizada pela vereadora Giovana Fagundes. A impressão geral, em Nova Santa Rita, é de que o juiz de Direito Fábio Koff Junior não leu a íntegra da ação quando negou a liminar na ação popular. As lideranças de Nova Santa Rita também não compreendem a estranha iniciativa do juiz Fábio Koff Junior de apensar o mandado de segurança da Multti Serviços à ação popular da vereadora Giovana Fagundes. A população de Nova Santa Rita vai agora agendar um pedido de audiência direto com a governadora Yeda Crusius (PSDB) para expor a gravidade do crime ambiental que está sendo cometido na área da cidade, bem às margens do rio dos Sinos, e muito perto da foz no Rio Guaíba.

Nenhum comentário: