Ministro Eros Grau anuncia que vai processar seu colega Ricardo Lewandowski

O ministro Eros Grau decidiu que vai processar, por crime de calúnia, seu colega de Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, e já nomeou o advogado José Gerardo Grossi para representá-lo. Se a ação for levada adiante, será a primeira vez na história do tribunal que um ministro processa o outro. Em mensagem eletrônica trocada com a ministra Cármen Lúcia, revelada pelo jornal Globo, Lewandowski sugeriu que Eros Grau iria rejeitar a denúncia contra os 40 acusados do mensalão em troca da indicação, pelo governo, de Carlos Alberto Direito para o Supremo Tribunal Federal. Mas, Eros Grau acolheu a denúncia. Eros Grau sinalizou que está disposto a levar a briga para o tribunal ao ser perguntado se iria interpelar o colega: "Não é preciso interpelação em processo de calúnia, vai direto”. Ele também afirmou que "não falou" com Lewandowski depois do episódio: "Não trocamos uma palavra”. O crime de calúnia prescreve em seis meses. A pena vai de seis meses a dois anos de prisão e multa. É o próprio Supremo o encarregado de julgar a eventual ação, sem a participação dos dois envolvidos. Interlocutores do ministro Eros Grau revelaram que a intenção do magistrado não é ingressar com a ação neste momento. Grau fará uma cirurgia e só depois tratará do caso, o que prolonga o constrangimento de Ricardo Lewandowski. Eros Grau informou que não pretende processar Cármen Lúcia porque a imputação de crime foi de Lewandowski. Depois do episódio da troca de mensagem, Lewandowski foi flagrado pela Folha em conversa telefônica com seu irmão na qual disse que no julgamento do mensalão os ministros "votaram com a faca no pescoço" e que a tendência era "amaciar" para José Dirceu.