sexta-feira, 14 de setembro de 2007
Ministério Público denuncia Abadía e mais 15 por lavagem de dinheiro
O Ministério Público Federal em São Paulo apresentou denúncia, nesta sexta-feira, contra o traficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía, preso em agosto na Grande São Paulo, por lavagem de dinheiro do tráfico. De acordo com a denúncia, outras 15 pessoas também são acusadas juntamente com Abadía pela lavagem de ao menos US$ 9 milhões. Abadia é apontado pela DEA (Drug Enforcement Administration, a agência antidrogas norte-americana) como um dos principais líderes do cartel Vale Del Norte, da Colômbia. Ele também é processado nos Estados Unidos por tráfico internacional de drogas. O colombiano fugiu para o Brasil em 2004, após o pedido de extradição formulado pelos Estados Unidos. De acordo com o Ministério Público, o acusado contou em depoimento à Polícia Federal que partiu de barco da Venezuela para o Ceará, com US$ 4 milhões. Depois disso, entrou no País, pelo mesmo modo, com mais US$ 5 milhões. Segundo a denúncia, Abadía e seu companheiro de quadrilha, conhecido como Pacho, que usava o nome de Henry Edval Lagos, contrataram o piloto André Luis Telles Barcellos, que os trouxe de Camocin (CE) para Araxá (MG) por US$ 30 mil. Barcellos passou, então, a integrar o grupo, ajudando com a compra de bens, imóveis, na falsificação de documentos e na ocultação do dinheiro. Barcellos teria passado a ser remunerado por Pacho, que lhe pagava por mês entre US$ 5.000 e US$ 8.000. Pacho é acusado pelos crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, mas está foragido. Outros dois suspeitos de integrar a quadrilha, César Daniel Amarilla (ou Frank Zambrano) e Victor Manuel Moreno Ibarra, também escaparam da operação policial. Barcellos é acusado pelos crimes de lavagem, formação de quadrilha, falsificação e corrupção ativa, e está preso. De acordo com o Ministério Público, a mulher de Abadía, Yéssica Paola Rojas Morales, que também usava nome falso no Brasil, tinha papel importante na organização. Ela era responsável pelos pagamentos à quadrilha. Com a fuga de Pacho, Yéssica passou a fazer os pagamentos, como no caso de Daniel Brás Maróstica e Ana Maria Stein, responsáveis pela compra da casa no condomínio Aldeia da Serra, onde Abadia foi preso. Na denúncia, Yessica é acusada pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e uso de documentos falsos. O casal responde por lavagem e formação de quadrilha. Eles estão presos preventivamente. Segundo a promotoria, os acusados Vitor Garcia Verano, o Peter, e sua esposa Aline Nunes Prado, são apontados como os responsáveis por adquirir ou alugar imóveis para a quadrilha. Eles foram os responsáveis por intermediar a compra da casa de Florianópolis, em Jurerê Internacional, por US$ 2,5 milhões. Eles respondem por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha e também estão presos preventivamente. A Polícia Federal encontrou com Abadia, e na casa do pai do motorista de um dos integrantes do grupo, o total de US$ 1,255 milhão, 604 mil euros e R$ 15 mil. Outras quantias, em várias moedas, foram encontradas com o pai de Barcellos e com Jaime Hernando Martinez Verano, responsável pela guarda e transporte do dinheiro do tráfico. Foi Jaime Verano que entregou, após a prisão de Abadia, ao motorista Eliseo Almeida Machado, o dinheiro que foi apreendido em Campinas. Antes o dinheiro estava enterrado em Aldeia da Serra e não foi localizado pela Polícia Federal. Machado foi acusado de lavagem de dinheiro. Jaime Verano está preso e foi acusado por lavagem e formação de quadrilha. Com o apoio da quadrilha e de pessoas recrutadas no Brasil, segundo a promotoria, Abadia comprou em nome de laranjas três casas, em São Paulo, Florianópolis e Angra dos Reis (Rio de Janeiro), uma fazenda no Rio Grande do Sul e um sítio em Pouso Alegre (MG), além de uma lancha, sete carros e duas motocicletas. Para ficar no Brasil, Abadía possuía passaportes em seu nome com carimbos de entrada e saída do País. Quem cuidava dos passaportes era Barcellos, que providenciava os carimbos sem que Abadía precisasse cruzar a fronteira. O piloto pediu a ajuda de seu amigo pessoal, o militar Angelo Cassol, superintendente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) em Foz do Iguaçu, que recrutou o agente federal Adilson Soares da Silva, que ganhava US$ 200,00 cada vez que carimbava os passaportes do traficante.
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