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A onda de calor intensa que atinge o Rio Grande do Sul pode ter reescrito nesta terça-feira, 4 de fevereiro de 2025, a história climática gaúcha. Oito meses depois da maior enchente da história gaúcha, o Estado registrou hoje a maior temperatura oficialmente medida desde o começo das medições em 1910, de acordo com dados publicados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMet), responsável pelas medições oficiais. A temperatura máxima na estação meteorológica automática em Quaraí na tarde de hoje chegou a impressionantes 43,8ºC até às 15h.
A máxima preliminar informada hoje pelo órgão federal passaria a ser o novo recorde oficial absoluto de temperatura máxima no Rio Grande do Sul, superando os recordes anteriores de 42,9ºC em Uruguaiana, de 27 de fevereiro de 2022; 42,6ºC em Alegrete, em 19 de janeiro de 1917, e em Jaguarão em 1º de janeiro de 1943; e 42,5ºC em Quaraí em 3 de fevereiro de 2025. Chama a atenção que os recordes de calor de 1917 e 1943 de 42,6ºC perduraram por várias décadas, mais precisamente 79 anos, até que foram superados em 2022. E apenas três anos depois a marca de 2022 pode ter sido superada.
A estiagem está perdurando bastante tempo e se alastrando por quase todo o Rio Grande do Sul, causando um imenso prejuízo nas safras de grãos, especialmente a soja, com perdas que já podem ser estimadas em mais de 40% da área plantada.
É inacreditável que o Rio Grande do Sul continue perdendo em média três safras de grãos a cada década, como resultado das estiagens, quando o Estado está sobre um verdadeiro oceano de água potável, o Aquífero Guarani. Esse imenso oceano, que atravessa o Uruguai, o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Paraguai, tem água suficiente para garantir o abastecimento da população humana inteira da Terra por mais de 250 anos. Os lagos subterrâneos do Aquífero Guarani situam-se na média a cerca de 1.500 metros de profundidade.
Se o Rio Grande do Sul fosse um Estado sério, com homens públicos sérios, com produtores rurais sérios, com agentes públicos sérios, já teria desenvolvido um intenso programa de irrigação, com no mínimo 200 máquinas perfurando poços. Seria necessário um investimento nessas máquinas e em tubulações. Em poucos dias cada poço estaria concluído, garantindo a irrigação de milhares de hectares. O Estado dispõe de duas instituições financeiras, o Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) e o BRDE que poderiam financiar esses implementos e obras. Como resultado desse investimento, o Rio Grande do Sul ganharia o equivalente a três safras, o que representaria um imenso aumento no PIB, na renda, nos empregos e desenvolvimento econômico do Estado. Não dá para entender o marasmo da gauchada. O resultado disso é o verdadeiro êxodo populacional que está ocorrendo, com mais de 800 mil gaúchos tendo deixado o Estado apenas após a enchente de 2024. E êxodo que deverá se repetir agora com a estiagem deste verão.
A desculpa - esfarrafada - de que os produtores rurais não se interessam pela irrigação de suas terras devido às dificuldades interpostas por burocratas públicos da área ambiental não podem se sustentar. Afinal de contas, em São Paulo, uma cidade do porte de Ribeirão Preto, com 800 mil habitantes, é totalmente provida de suas necessidades de água pelo Aquífero Guarani.
O marasmo dos gaúchos também se reflete negativamente no setor energético. O Rio Grande do Sul importa mais de 60% da energia que consome da usina de Itaipu, com a energia sendo transportada por dois enormes linhões. Mas, o Rio Grande do Sul poderia não só produzir toda a energia que consome, como também poderia ser um Estado exportador de energia para o resto do Brasil e para a Argentina e Uruguai.
Ocorre que o Rio Grande do Sul está sobre outro imenso mar, o de carvão, em uma província carbonífera que se estende do Uruguai até o Paraguai, passando inclusive pelos litorais do Estado e de Santa Catarina. Esse carvão é, em geral, de fácil extração. Nas regiões de Bagé e Minas do Leão, o carvão aflora à superfície da terra. Basta entrar com um trator de esteira para retirá-lo.
Do carvão podem ser extraídos a gasolina, o óleo diesel, o querosene de aviação, o gás, o eteno, benzeno, propeno e mais duas dezenas de subprodutos largamente utilizados na indústria petroquímica. Montadas usinas ao lado das minas superficiais, elas poderiam produzir esses subprodutos. Dentre eles, o gás moveria outra usina com seus geradores produzindo energia elétrica. De maneira muito fácil e rápida, em menos de cinco anos, o Rio Grande do Sul poderia estar gerando em torno de 10 mil megawatts de energia a partir do gás extraído do carvão. Mas….. nada disso acontece, devido à falta de empreendedorismo dos gaúchos e ao marasmo que toma conta de todos os agentes públicos. É por isso que o Rio Grande do Sul perde espaço aceleradamente e, depois de ter sido ultrapassado pelo Paraná, vai agora ser ultrapassado logo por Santa Catarina.
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