sábado, 5 de outubro de 2024

Sem turistas e sob rigoroso controle, Jerusalém espera que Israel inicie a ofensiva contra o Irã


A foto tradicional em Jerusalém é tirada no Monte das Oliveiras: de lá você pode ver o Muro das Lamentações, o Santo Sepulcro e a Cúpula da Rocha, que são os símbolos eternos das três religiões que coexistem em uma cidade acostumada a guerras e atos de fé. Em dias normais é impossível ter uma foto decente, caminhar sem se deparar com um vendedor ambulante, um camelo chato ou um guia que mistura verbos hebraicos e espanhóis. Mas há quatro dias o Irã atacou com 180 mísseis, e agora Israel prepara-se para responder com uma ofensiva aérea que procura desequilibrar o regime dos aiatolás. Conclusão: Jerusalém permanece sob um silêncio avassalador, protegida por soldados e com a marcante ausência de turistas e fiéis.

A passagem pela Porta de Damasco até a Cúpula da Rocha está fechada, no Santo Sepulcro você reza sem cotoveladas e no Muro das Lamentações você encontra um lugar para estar consigo mesmo. Todos olhando para o céu para ver se um míssil iraniano quebra a tranquilidade de uma tarde de sábado que parece inesquecível. 

A segurança militar é forte, mas tem pouca estridência. Está localizada nas ruas mais importantes e em frente aos locais religiosos que fazem parte da história da humanidade. Somente na entrada do Muro das Lamentações os scanners e as mochilas são verificados, mas as câmeras do monitor e os soldados podem chegar em apenas alguns segundos. Não há détente: é cautela praticada durante horas, dias e meses.

No Santo Sepulcro, os paroquianos se reúnem, rezam e caminham murmurando suas orações. Há medo de uma escalada da guerra, mas eles guardam as suas opiniões para si. Eles estão no local de um crime ordenado por Roma que chocou a sua época, e optam por permanecer em silêncio em vez de pagar pela infidelidade. Um passeio pelas ruas de Jerusalém mostra poucos vendedores que pouco se esforçam para oferecer suas lembranças falsificadas ou suas deliciosas tâmaras. Já assumiram que não há espírito para comprar, e o pouco que regateiam é para não perderem a prática.

Situação diferente é observada nos bares do caminho: as pessoas ainda pedem um café, um suco de romã ou uma porção de Baklava sem gosto de nada. Os gerentes dos bares falam: têm medo da guerra e dos ataques que os terroristas que atravessam do bairro muçulmano para os bairros judeu, armênio ou cristão podem realizar. “Tudo pode acontecer, já vimos”, disse um jovem que sempre reza na igreja franciscana.

Enquanto o sol se punha sobre Jerusalém, os combates entre as Forças de Defesa de Israel (IDF) e o Hezbollah assolavam o Líbano. Não há trégua no combate e os terroristas apoiados pelo Irã estão recuando em direção ao norte do Líbano para reagrupar forças e impedir que as tropas israelenses avancem em direção a Beirute. 

Israel afirma ter matado 440 fedayeen do Hezbollah nos últimos seis dias, enquanto a organização xiita afirma ter lançado neste sábado 180 mísseis contra o norte de Israel. É uma batalha total que está sendo travada em Gaza, na Síria, no Iraque e no Iémen, onde os aliados do Irã se combinam para atacar Israel.

Benjamin Netanyahu ainda não decidiu quais os alvos que tentará destruir no Irã e quando lançará uma nova ofensiva contra o regime fundamentalista. Mas os tempos estão se acelerando: há poucas horas, o General Michael Kurilla desembarcou em Tel Aviv com ordens precisas do Pentágono. Kurilla é o chefe do Comando Central dos Estados Unidos e se reunirá com Yoav Gallant, ministro da Defesa de Israel.

Quando esse conclave terminar, Netanyahu saberá até que ponto tem o apoio da Casa Branca para atacar certos alvos iranianos. Nesse momento, as agulhas começarão a correr para chegar ao Dia D.

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