quarta-feira, 11 de maio de 2022

Países ocidentais sofrem com a alta do preço da energia



À medida que o confronto no Leste Europeu se arrasta e as sanções impostas à Rússia pelas potências ocidentais se intensificam, a perspectiva de uma normalização do preço da energia está diminuindo.  Depois de uma primeira retomada econômica em 2021, quando o mundo começou a se recuperar da pandemia de coronavírus, o preço da energia voltou a subir em 24 de fevereiro. Isso porque os soldados comandados pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, bombardearam diversas cidades ucranianas. De lá para cá, os líderes mundiais se mostram preocupados com a possível falta de fornecimento de petróleo e gás natural, visto que um de seus maiores exportadores está envolvido em um conflito bélico.

Como a Rússia não conseguiu obter uma vitória rápida contra a Ucrânia e impediu a retomada completa das atividades industriais, o preço da energia pode não cair significativamente neste ano. Ao contrário, pode subir ainda mais, mesmo que não haja novas sanções. As potências ocidentais pretendem boicotar a compra do petróleo e do gás natural russos, o que naturalmente provocará a diminuição da oferta.

No entanto, é difícil para a população diminuir o consumo de energia. Em razão de a demanda pelo produto ser a mesma e sua produção ser mais baixa, os preços da eletricidade e dos combustíveis devem subir. Ao contrário dos EUA, a Europa importa a maior parte de sua energia. Assim, quando o preço sobe, grande parte dos gastos adicionais dos europeus migra para fornecedores da Rússia, do Oriente Médio e da África. Com a Europa buscando reduzir sua dependência da energia russa, os EUA passam a ser uma fonte importante de gás natural liquefeito.

Isso, contudo, deixa menos recursos disponíveis para gastos em bens e serviços produzidos na Zona do Euro, como mostra reportagem publicada no The Wall Street Journal. Nos Estados Unidos, o preço mais alto da energia tende a redirecionar o poder de compra para os países produtores. O preço da energia na Zona do Euro foi quase 40% mais alto em abril, em comparação com o ano passado. Trata-se do maior aumento anual desde a década de 1970.

Assim como os europeus, os norte-americanos estão sofrendo para não perder o poder de compra, visto que seus salários permanecem estagnados. De acordo com o Banco Central da Europa, a transferência do poder de compra para fora da Zona do Euro é superior a 1% do Produto Interno Bruto (PIB). “Como o petróleo e o gás natural são importados principalmente pela Zona do Euro, isso constitui um choque nas negociações e provoca a diminuição da renda real dos consumidores”, explicou Philip Lane, economista-chefe do BCE, em discurso realizado na semana passada.

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