O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) será o laboratório responsável pela produção do molnupiravir, primeiro antiviral oral contra a Covid-19 fabricado no Brasil. Nesta semana, a organização firmou acordo com a farmacêutica norte-americana Merck Sharp & Dohme (MSD), desenvolvedora do remédio. Na quarta-feira (4/5), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial das pílulas. Todos os medicamentos autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária são de uso restrito hospitalar e são tratamentos para pessoas que estão com coronavírus. Até o momento, nenhum remédio se mostrou eficaz para prevenir a infecção pela doença.
Os tratamentos para a Covid-19 podem variar conforme o quadro apresentado. Em casos mais leves, onde há presença de dores musculares, dor na cabeça, perda do paladar ou do olfato, tosse intensa e febre, repouso e o uso de certos medicamentos podem auxiliar no alívio dos sintomas. Em casos mais graves, em que o paciente possui dificuldade para respirar ou apresenta dor no peito, é necessário realizar tratamento hospitalar.
No Brasil, alguns medicamentos foram autorizados pela Anvisa como tratamento para a Covid-19. Um deles é o baricitinib, fortemente recomendado para pacientes com quadros graves da infecção, pois aumenta a probabilidade de sobrevivência às complicações que o coronavírus pode causar.
O medicamento age diminuindo os danos causados pelo coronavírus nas células e diminui inflamações. É fornecido na forma de comprimidos de 2 mg ou 4 mg e deve ser utilizado somente com prescrição médica.
O anticorpo monoclonal sotrovimab é outro medicamento autorizado pela agência reguladora como tratamento para a Covid-19. No entanto, ele é indicado apenas para quadros leves da doença e deve ser utilizado quando os primeiros sintomas se manifestarem. Segundo a farmacêutica GSK, o sotrovimabe é eficaz contra mutações do coronavírus, assim como as que caracterizam a variante Ômicron. O remédio é injetável e de uso restrito a hospitais.
A dexametasona, um corticoide, é outro tratamento autorizado. Segundo estudos, o medicamento é indicado para pacientes com quadros graves. Ele é capaz de reduzir a mortalidade apenas quando o uso de oxigênio é necessário. Apesar de ser indicado por órgãos de saúde, o corticoide não deve ser utilizado sem orientação médica, pois pode piorar o quadro clínico se usado precocemente.
A Anvisa também concedeu permissão para a utilização do coquetel de anticorpos REGN-COV. O tratamento é indicado para pessoas que estão apresentando os primeiros sintomas da doença e não precisam de internação, mas que possuem risco maior de desenvolver quadros graves.
Para o uso do coquetel, que contém dois anticorpos monoclonais, o casirivimabe e imdevimabe, é necessário prescrição médica. Ele é aplicado via infusão intravenosa e, segundo a fabricante, reduz em até 70% o risco de hospitalização ou morte. Em casos graves, o medicamento não deve ser utilizado, pois pode piorar o quadro.
Assim como os corticoides, os bloqueadores dos receptores de interleucina-6 também são indicados para tratar sintomas graves da Covid-19, pois reduzem a morte pela doença. No entanto, para a utilização do medicamento é necessário prescrição médica, pois o uso indevido pode piorar o quadro do paciente.
O contrato assinado entre as instituições é de cooperação tecnológica, que torna a Fiocruz responsável pela armazenagem, administração, rotulagem, embalagem, testagem, liberação, importação e fornecimento do medicamento ao Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a Fiocruz, o processo deve ocorrer ao longo dos próximos dois anos, com avaliação de condições técnicas e da demanda do próprio SUS frente aos resultados de estudos a serem realizados. O acordo também prevê condução de ensaios clínicos para eventual profilaxia da Covid, além de estudos experimentais para análise do uso do remédio em outros vírus, como dengue e chikungunya. Além do Brasil, o molnupiravir tem autorização temporária no Reino Unido, na União Europeia, nos Estados Unidos e em outros 17 países.
O fármaco é um antiviral de uso oral, indicado para adultos com sintomas leves ou moderados da doença, e será autorizado apenas sob prescrição médica — com contraindicação para gestantes. De acordo com o laboratório, estudos demonstram que, quando administrado no início da infecção por Covid, o remédio tem capacidade de reduzir os casos de hospitalizações e mortes pela doença.
O diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, ressaltou que o uso da medicação tem suas limitações e não é indicado, por exemplo, às gravidas. O molnupiravir também não deve substituir a vacinação contra Covid. A pílula deve ser ingerida dentro de cinco dias após os primeiros sintomas da Covid. O fármaco impede que o vírus se replique e, dessa forma, reduz a gravidade da doença.
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