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domingo, 20 de março de 2022

Guedes Guedes faz discurso otimista, "se não fosse combate à inflação, o Brasil poderia estar crescendo mais"

O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a afirmar que o processo de aumento de juros afetará o crescimento do País em 2022. Segundo ele, o Brasil poderia crescer até 4% no ano se a inflação estivesse em níveis mais baixos. As declarações foram dadas durante uma palestra para empresários, em Fortaleza (CE). "Com os juros mais altos há uma desaceleração do componente cíclico do crescimento. Se o Brasil crescer 1,0%, 1,5% ou 2,0% neste ano, é porque poderia crescer 4,0%. Temos confiança na geração de jovens que usa o sistema de metas de inflação. Se não fosse combate à inflação, o Brasil poderia estar crescendo mais", disse o ministro.

Segundo Paulo Guedes, sua geração era acostumada a aumentar os juros mais fortemente para combater a inflação e no sistema de metas para a inflação há uma mudança nesse processo. "Quando você declara a independência do Banco Central, você tem que respeitar, mas eu sou de uma geração que seguia os princípios maquiavélicos, de fazer o mal de uma vez só. A nova geração segue o regime de metas, com uma atuação mais suave ao longo do tempo. Antigamente se fazia um movimento forte de uma vez só nos juros e depois só baixava as taxas. Hoje o Banco Central diz que não vai te machucar, que vai subir os juros só um pouquinho", afirmou o ministro.

Com a inflação sem dar trégua e a guerra no Leste Europeu pressionando ainda mais os preços de alimentos e combustíveis, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta semana a taxa básica de juros da economia brasileira pela nona reunião consecutiva. Com um aumento de 1,00 ponto porcentual, a Selic chegou a 11,75% ao ano, o maior patamar desde abril de 2017 (12,25%).

Na sexta-feira, Paulo Guedes também afirmou que o mercado já começa a revisar para cima a projeção de crescimento do Brasil em 2022, e repetiu que o déficit fiscal brasileiro neste ano será menor que o americano e o europeu. Na quinta-feira, a secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia revisou para baixo a estimativa para a expansão da atividade neste ano, de 2,10% para 1,50%. A projeção anterior havia sido divulgada em novembro do ano passado. Apesar da revisão, a expectativa do governo é maior que a do mercado, que espera uma tímida alta de 0,49% do PIB, segundo o boletim Focus do Banco Central.

Enquanto o Brasil deve estourar o teto da meta de inflação pelo segundo ano consecutivo em 2022, ministro da Economia, Paulo Guedes, avaliou na sexta-feira que o Banco Central brasileiro deve ser mais bem sucedido que seus pares internacionais no enfrentamento à alta global de preços. "Fizemos o Banco Central independente quando vimos que a inflação iria subir. Todos os bancos centrais do mundo ainda estão dormindo, mas o nosso acordou mais cedo. Acho que o nosso Banco Central vai ser mais efetivo no combate à inflação", afirmou Guedes, em palestra no "Seminário Economia Brasil", realizado em Fortaleza (CE).

Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central alterou a projeção para a inflação de 2022 de 5,4% para 7,1%, muito distante do centro da meta deste ano, de 3,50% e bem acima do teto de 5,00%. No caso de 2023, a projeção do Copom subiu de 3,2% para 3,4%, já bem mais próxima do centro de 3,25% do próximo ano. 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a afirmar que o governo brasileiro está preparado para enfrentar os efeitos os efeitos econômicos da guerra da Ucrânia. Segundo ele, o conflito tem afetado os preços dos grãos, dos fertilizantes e do petróleo. "Toda hora tem uma bomba nova, mas sabemos como agir se a crise se aprofundar. Temos uma guerra dos grãos, dos fertilizantes e do petróleo. Mas estamos prontos para conter eventuais efeitos negativos para o Brasil", disse Guedes. A primeira medida tomada por Guedes para conter os efeitos econômicos da guerra foi zerar as alíquotas do PIS/Cofins para os combustíveis. Um projeto de lei com essa medida foi aprovado pelo Congresso. Guedes é pressionado pela ala política do governo a reduzir os impostos sobre a gasolina, mas ainda resiste.

O ministro da Economia voltou a afirmar que estuda ampliar a redução das alíquotas do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI). Segundo ele, a ideia é passar de 25% para 35% a queda do tributo. "Talvez consigamos 35% de redução do IPI, na pior das hipóteses 30%", disse Guedes. O ministro da Economia não esclareceu se essa medida afetará a Zona Franca de Manaus. Em 25 de fevereiro, ele afirmou que a redução de 25% de alíquotas do IPI beneficiária 300 mil empresas e confirmou a renúncia fiscal de R$ 10 bilhões para a União e R$ 10 bilhões para os governos regionais.

O ministro da Economia também garantiu que não haveria novas reduções de IPI neste e no próximo ano, justamente para não prejudicar a Zona Franca de Manaus. "Não fosse a Zona Franca, a redução de IPI seria maior, certamente de 50%. Com respeitamos a Amazônia, foi só 25%. Isso tem que ser feito com muito cuidado, com uma a transição lenta e com mecanismos compensatórios para garantir vantagem da Amazônia", acrescentou.

Na semana passada, o governador do Amazonas, Wilson Lima, afirmou que o governo federal vai reeditar o decreto que reduziu o IPI em 25% e excluirá produtos fabricados na Zona Franca de Manaus da medida. A declaração foi feita após reunião com o presidente Jair Bolsonaro e com Guedes no Palácio do Planalto. 

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