2019, +1,1%;
2020, -6,8%;
2021, +10,4%;
2022, -8%.
Análise econômica produzida pela Farsul (Federação das Associações Rurais do Rio Grande do Sul) indica que a estiagem produziu perda de R$ 31,7 bilhões na lavoura e de R$ 115,7 bilhões na soma das cadeias produtivas e impostos.
Diz a Farsul: "O Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul vai sofrer uma queda de 8% em 2022 em razão da estiagem". O Levantamento, apresentado pelo economista-chefe da entidade, Antônio Da Luz, indicou que as perdas registradas até o momento na safra de grãos, em função do clima, representam um prejuízo de R$ 31,7 bilhões ao Estado. Da Luz ressaltou, porém, que a agropecuária provoca impactos em toda a cadeia produtiva, o que significa perdas em cascata, com prejuízo de R$ 78 bilhões à indústria e serviços e redução de R$ 5,9 bilhões na geração de impostos indiretos, o que soma um impacto negativo no PIB de R$ 115,7 bilhões. É um desastre econômico histórico.
O economista estimou que a perda em quantidade de grãos equivale a 4,3 vezes toda a capacidade de armazenagem das 34 cooperativas associadas à Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FecoAgro). “É um volume inacreditável”, comentou. Calculando que somente para transportar os grãos perdidos seriam necessárias 253,3 mil carretas de 57 toneladas, estas formariam uma fila de 5,26 mil quilômetros, “como de Porto Alegre até Belém do Pará”, comparou da Luz.
O presidente da Farsul, Gedeão Pereira, afirmou que prejuízo desta magnitude exige uma ação urgente dos governos e principalmente do Congresso. Lembrou ainda que desde o início de janeiro as entidades vêm se articulando para obter a ajuda que ainda não chegou plenamente. Mas também atribuiu o estrago às limitações que o produtor rural tem para irrigar.
Guilherme Soria Bastos Filho, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) admitiu “que está faltando dinheiro” para concretizar as medidas de socorro aos produtores, que já foram alocados R$ 850 milhões para destravar o Plano Safra atual e que outros R$ 800 milhões terão de ser retirados de outros ministérios nos próximos dias. Também reiterou que uma das saídas para tapar o rombo de R$ 2,9 bilhões que o Ministério da Agricultura tem em seu orçamento seria a sensibilização do relator do Orçamento da União, deputado Hugo Leal, para separar esta quantia do montante que tem disponível para emendas, de R$ 16 bilhões.
Eduardo Leite se mostrou um garotão irresponsável no governo, que praticamente abandonou no último ano ao se atirar à corrida pela Presidência da República, e por viagens inúteis ao Exterior. Ele começou bem o governo, quando impulsionou uma série de mudanças legislativas absolutamente necessárias para asfaltar o caminho da assinatura do contrato de recuperação fiscal do Estado com a União.
O governo do Rio Grande do Sul tem hoje uma dívida superior a 100 bilhões de reais com o governo federal. Há quase quatro anos o Estado não paga a parcela mensal da dívida, que hoje estaria em cerca de 450 milhões por mês, por força de uma liminar obtida junto ao Supremo Tribunal Federal.
A maior conquista de seu governo foi a derrubada de exigência constitucional de realização de plebiscito para a aprovação de privatização de estatais, principalmente o Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul). Obtida essa derrubada de exigência, a máxima conquista do corporativismo estatal gaúcho em toda a sua história, o governador tucano Eduardo Leite empacou a caminhada das reformas administrativas que visavam alcançar condições exigidas pela lei complementar federal de recuperação fiscal do Estado.
E ele empacou por uma única razão: foi tremendamente beneficiado pela covid-19. A paralisação completa das atividades econômicas e sociais no início da pandemia determinou que o governo Bolsonaro enviasse em gigantesco pacote de ajuda econômica aos Estados e municípios, devido à perda de arrecadações. Além disso, Bolsonaro foi extremamente generoso ao liberar recursos financeiros às montanhas para Estados e municípios, praticamente desonerando-os de gastos com a saúde pública. Essas duas medidas, associadas a outras, fizeram com o governo de Eduardo Leite, repentinamente, passasse a nadar em dinheiro. Ele então começou a posar de grande administrador público, que conseguiu retirar o Estado do Rio Grande do Sul da situação de insolvência e até conseguiu colocar em dia o pagamento dos salários dos funcionários, que estavam quase dois meses atrasados.
Ou seja, o suposto sucesso de Eduardo Leite deve-se exclusivamente à sua inércia como administrador, e à sorte que lhe trouxe a covid-19. Durante a pandemia ele pôde exercer à vontade seus delírios ditatoriais e exibir-se como alguém muito bem-sucedido na condução dos negócios do Estado.
Eduardo Leite passou então ao último ato de seu exibicionismo político, na construção de seu projeto delirante de disputa presidencial. Montou um programa de investimentos públicos, chamado de Avançar RS - Novas Façanhas.
A realidade é bem diferente dos delírios políticos de Eduardo Leite. Ele inventou e colocou no papel essa miragem chamada Programa Avançar RS, e passou a prometer imensos investimentos em áreas como a segurança pública e estradas. Já diziam os antigos: o papel aceita tudo.
Até hoje ninguém viu ainda os resultados do retumbante programa Avançar RS - Novas Façanhas, que serviu de alegria apenas aos veículos de comunicação da grande imprensa gaúcha, brindados com fartas verbas de publicação. Ao contrário de investir, Eduardo Leite se viu obrigado a destruir, como se viu no caso do edifício sede da Secretaria de Segurança, que pegou fogo no ano passado e precisou ser implodido. O incêndio do prédio onde se centralizava a direção geral da segurança pública do Rio Grande do Sul espalhou por vários lugares da capital gaúcha os vários órgãos e dirigentes do setor. Ninguém mais encontrou mais ninguém, ninguém mais atende ninguém. Projetos foram paralisados e até agora não retomados. Essa foi a grande façanha de Eduardo Leite na área de segurança pública, para a qual prometeu investimentos de 280 milhões de reais. Boa parte desses recursos seria derivada das privatizações. Mas, mesmo essas, foram paralisadas, como no caso da Corsan (Companha Riograndense de Saneamento).
Essa paralisação de investimentos acontece justamente na área do secretário de Estado da Segurança, delegado Ranolfo Vieira Junior, também vice-governador, que agora assumirá o comando do Rio Grande do Sul no Palácio Piratini. Pode ser que ele, afinal, ao menos na área na qual atua, desate ao menos um parte desse plano eleitoral chamado de Avançar RS.
Quanto ao resto, nada a esperar. Mais um governo gaúcho chegará ao seu final de maneira patética, sem dar solução para o principal problema do Estado, que é a dívida pública asfixiante e paralisante do Rio Grande do Sul. Eduardo Leite, nas suas mágicas de guri que procura encantar platéias, enviou ao Tesouro Nacional uma proposta de recuperação fiscal que ignora olimpicamente exigências da lei, como a contida na Lei Complementar nº 159, em seu Art. 2, parágrafo I, inciso I. Eduardo Leite considerou que, com o jogo de ilusão de seus lenços coloridos, poderia impedir que todos tivessem conhecimento das exigências dessa lei. E considerou até possível enganar todos os técnicos do Tesouro Nacional. Eduardo Leite encerra sua passagem pelo governo do Rio Grande do Sul como tantos outros governadores fizeram até agora, desde o final da década de 70, sem resolver os problemas estruturais do Estado.
Um comentário:
E não falaram no "estrago" que fez na carreira dos professores com nível 6 , pós graduação. Direitos adquiridos que ele destruiu, achatando o salário. Vergonha! Ninguém fez nada....
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