A infraestrutura de internet na Europa é cheia de gargalos, que foram expostos nos últimos sete meses com o aumento das internações hospitalares, das atividades de home office e do comércio eletrônico. Os governantes agora tentam decidir como intervir, depois de prever que a introdução de redes mais rápidas poderia produzir benefício anual equivalente a 113 bilhões de euros (US$ 133 bilhões).
Na Itália, espera-se que o veículo de investimento estatal Cassa Depositi e Prestiti obtenha uma fatia significativa da rede nacional unificada e dê à Telecom Italia (que tinha o monopólio) confiança para acelerar a implementação de conexões de fibra ótica mais rápidas, ao remover a rival Open Fiber.
O plano destrói um princípio do projeto europeu, que prega que mais concorrência leva a melhores serviços. Isso faz parte de um novo padrão de envolvimento com o setor que sugere que a Europa está diluindo seus princípios antimonopólio em resposta à expansão liderada pelo governo da China e à agenda America First do presidente Donald Trump.
A construção de infraestrutura mais robusta estimularia economias atingidas e o crescimento de novas indústrias. O Reino Unido corre o risco de perder 173 bilhões de libras esterlinas na próxima década se ficar para trás na tecnologia 5G, de acordo com o Centro de Estudos de Políticas. “Redes com mais fibra teriam sido melhores em uma situação como a da Covid”, disse Chris Watson, responsável pela área de tecnologia, mídia e telecomunicação do escritório de advocacia CMS: “Questões como a interrupção de conversas no Zoom e Teams são um problema no novo mundo em que estamos entrando".
No entanto, as empresas de telecomunicação não estão prontas para agir. Assoladas pela baixa lucratividade e pelo êxodo de investidores, essas companhias lutam para manter até mesmo o ritmo atual de investimentos nas redes. Com isso, as nações do sudeste asiático e os Estados Unidos saem na frente em velocidade de banda larga.
Os governos estão repensando se os consumidores são melhor servidos por um sistema que mantém guerras de preços e limita o retorno sobre o investimento, o que abala os lucros que as empresas precisam ter para investir no aprimoramento dos serviços.
Na Espanha, a influência crescente do setor ficou evidente no mês passado, quando o governo de Madri informou sua intenção de taxar todas as empresas que operam serviços de telecomunicação — diminuindo a vantagem que o WhatsApp, do Facebook, e outros serviços do tipo têm sobre as companhias telefônicas da região. As empresas de telefonia da Espanha também têm a ganhar com a “agenda digital” pós-Covid, que inclui 20 bilhões de euros em apoio estatal para infraestrutura. (Bloomberg)
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