sexta-feira, 17 de maio de 2019

Porto Alegre joga fora uma fábula enterrando o lixo, e outras fábulas em vez queimar e gerar energia elétrica


O Brasil é um país completamente perdulário. Permite que o lixo urbano seja encaminhado para aterros sanitários criminosos, que liquidam com o meio ambiente e condenam suas áreas pela eternidade, em vez de queimar o lixo e gerar energia elétrica, como fazem todas as grandes cidades da Europa. A cada três toneladas de lixo queimadas é possível extrair um megawatt de energia elétrica. Uma cidade como Porto Alegre, que produz todos os dia 1.200 toneladas de lixo, poderia gerar todos os dias no mínimo 300 megawatts de energia elétrica. Para que as pessoas tenham uma noção dessas medidas: a maior usina hidrelétrica do Rio Grande do Sul é a de Dona Francisca. Ela tem uma capacidade instalada de geração de 450 megawatts, mas a geração média é bem inferior, devido à desativação de geradores durante a baixa do reservatório. Na usina de queima de lixo não haveria esses problemas, o fornecimento é contínuo, em toda a capacidade de geração da usina, durante as 24 horas do dia, durante os 365 dias do ano. Uma usina instalada no terreno que fica na cabeceira da pista do aeroporto Salgado Filho poderia limpar a área, onde estão enterrados cerca de 15 milhões de toneladas de lixo, do antigo Aterro da Zona Norte, na verdade um lixão que jogou lixo diretamente sobre o charco que era o local. Potencialmente, isso poderia representar no mínimo 4 milhões de megawatts. É uma fantástica fonte de energia. É bom lembrar que o Rio Grande do Sul consome em média em torno de 6,000 megawatts hora. Portanto, uma usina instalada no local poderia facilmente responder por quase metade do consumo de energia do Estado. E geraria para a prefeitura da capital um tremendo incremento de arrecadação (35% em média de ICMS sobre cada conta de luz). Com uma usina de queima de lixo e geração de energia elétrica funcionando em Porto Alegre, a prefeitura abdicaria de dois contratos: o do transporte do lixo e o do enterro do lixo no Aterro Sanitário de Minas do Leão, do grupo Solvi (Revita, atual CRVR - Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos, em sociedade com a Copelmi Mineração). A eliminação destes contratos representaria a anulação de gastos da ordem de 100 milhões de reais por ano. Uma usina custaria no mínimo 500 milhões de reais para sua construção, mas há financiamento disponível e se pagaria em pouquissimo tempo. As usinas de queima de lixo são modulares e a que fosse instalada ao lado do aeroporto Salgado Filho poderia ser aumentada para queimar todo o lixo produzido diariamente na região metropolitana da capital gaúcha, que envolve 51 municípios. Só não levam adiante um projeto desses porque o lixo é o histórico maior pagador de propina no Brasil, pagando propina desde vereador, secretário municipal, deputado estadual, secretário estadual, deputado federal, senador, governador e até Presidente da República. Basta olhar as contas de campanha dos partidos. E mais, basta ver os processos envolvendo a megalixeira Estre Ambiental SA, e do seu proprietário Wilson Quintella Filho. Agora vai começar de novo a campanha municipal. É hora de começar a discutir este tema, porque, em todas as cidades, sempre, os contratos mais caros são aqueles de limpeza pública.

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