sábado, 25 de maio de 2019

Palocci afirma que André Esteves deu R$ 5 milhões para ser o 'banqueiro do pré-sal'

O ex-ministro Antonio Palocci disse em delação premiada que o banqueiro André Esteves, dono do BTG, deu R$ 5 milhões para cobrir custos da campanha da petista Dilma Rousseff à Presidência da República, em 2010. A contrapartida seria o governo petista transformar Esteves no "banqueiro do pré-sal", segundo Palocci disse aos policiais federais em seu acordo de delação. Palocci assinou três acordos de delação, dois com a Polícia Federal, de Curitiba e Brasília, e um com o Ministério Público Federal do Distrito Federal. O acordo de Curitiba foi recusado pela Procuradoria e criticado pelo procurador da Lava Jato, Carlos Fernando Lima, que o chamou de "acordo do fim da picada". Mais tarde, foi assinado com a Polícia Federal e homologado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Em um outro caso, de 2015, André Esteves foi inocentado. Chegou a ficar 23 dias preso naquele ano por seu nome ter sido citado em conversas gravadas por um delator, em um esquema que seria capitaneado pelo ex-senador do PT, Delcídio do Amaral, para obstruir a Lava Jato. Sem provas além da menção nas conversas, a prisão de Esteves foi revertida, e o caso, encerrado pelo Supremo Tribunal Federal.

A história agora contada por Palocci, negada por alguns dos citados e sem documentos que a comprovem, consta do termo de colaboração 7 do conjunto de histórias que compõem a delação que tramita em Curitiba e serve como base para investigação de desvios na Petrobras.O documento tem data de 17 de abril de 2018 e trata de operações de financiamento de navios-sonda para campos de petróleo em alto mar. Segundo Palocci, em 2010, antes das eleições presidenciais, quando atuava na coordenação da campanha da mulher sapiens petista Dilma, ele procurou os principais bancos do País com o objetivo de fazer a estruturação financeira da operação do pré-sal. O ex-ministro disse à Polícia Federral que as conversas com todos os bancos foram feitas em "tons republicanos", "exceto com o BTG", com o qual eram "mais fluidas". Ele também cita Bradesco e Santander.Palocci afirma que foi feito um chamamento público para as instituições bancárias apresentarem projetos de engenharia, e o Santander demonstrou forte interesse.

Embora não houvesse ainda contrato do pré-sal, a ideia era aproveitar o esforço na cobrança de valores para a campanha presidencial. Diz Palocci que tratou de doações com Santander, BTG e outros bancos para a campanha de 2010. Conforme a delação, dias após Dilma ser eleita, Esteves se reuniu com Palocci e informou que "gostaria de consolidar definitivamente o relacionamento do BTG com o PT, com o colaborador Palocci, com Lula e com Dilma Rousseff, tornando-se o banqueiro do pré-sal". Para isso, sempre de acordo com a delação, ofereceu-se "para realizar qualquer operação de mercado de interesse do governo" e disponibilizou R$ 15 milhões em espécie para o PT. Uma semana após a conversa, Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci, teria se encontrado com o próprio Esteves na sede do BTG, em São Paulo. Saiu de lá, segundo a delação, com R$ 5 milhões, que foram usados para pagar a fornecedores de campanha. Uma parte dos recursos, R$ 250 mil, foi destinada ao pagamento de despesas de viagem para Dilma descansar após a eleição. Segundo ele, Esteves não sabia a destinação.

Palocci usa em sua delação como elementos de corroboração anotações em agendas e diz que seu motorista pode comprovar o encontro dele com as pessoas citadas. O motorista Carlos Alberto Pocente prestou depoimento na Polícia Federal, onde descreveu rotina de encontros de Palocci e Kontic com políticos e empresários. Ele diz que Palocci se encontrou com proprietários de BTG e Santander e que as reuniões aconteciam até na residência de Esteves. O Bradesco foi o outro banco com o qual Palocci diz ter tratado, com Lazaro Brandão e Luiz Trabuco, da estruturação do pré-sal. As relações com o Bradesco, segundo a delação, eram mais cuidadosas, e o banco não fez pedidos específicos.

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