Morreu neste sábado (2), aos 88 anos, Franco Macri, pai do presidente argentino, Mauricio Macri, e um dos empresários mais importantes e ricos do país. O patriarca dos Macri já vinha com a saúde delicada no último ano, entrando e saindo de hospitais. Sua morte ocorreu na casa da família, no Barrio Parque, em Buenos Aires. Nos últimos meses, Franco havia sofrido dois enfartes, uma hemorragia interna e uma fratura na região da cintura. O presidente argentino havia acabado de chegar, neste sábado (2), a San Martín de los Andes, no sul do país, onde passaria o feriado de Carnaval com a família e um grupo de amigos, mas mudou a rota e retornou a Buenos Aires. Macri pai e Macri filho tiveram uma relação complicada ao longo da vida. Macri filho se queixou em várias entrevistas e livros sobre o modo autoritário como o pai o obrigara a assumir funções de chefia nas empresas do Grupo Macri quando ele era ainda muito jovem. Durante o sequestro do atual presidente, em 1991, Franco teria hesitado em pagar o resgate pedido pelos criminosos, e só o fez sob pressão de amigos, o que deixou Macri filho bastante chateado.
Foi depois desse episódio que Mauricio Macri resolveu sair das empresas do pai e construir seu caminho próprio. Primeiro, foi eleito presidente do clube de futebol Boca Juniors, depois, passou para a política. Franco Macri seguiu à frente do conglomerado familiar, que passou a atuar nas áreas de construção, imóveis, infraestrutura, automóveis, coleta de lixo, e outras. Já nos últimos tempos, com o patriarca doente, o Grupo passou a ser gerido pelo irmão do presidente, Gianfranco Macri. O conglomerado, apesar do êxito, também coleciona episódios negativos, como os escândalos de corrupção e de tráfico de influências relacionados aos Panamá Papers, aos "cadernos da corrupção" e ao pagamento perdoado de uma dívida dos Macri com o Estado argentino depois da quebra dos Correios, adquiridos pelo conglomerado em sua privatização nos anos 1990. A história de Franco Macri começa na Itália, de onde imigrou para a Argentina em 1949, disposto a fazer fortuna, mesmo sem ter um empregou e sem falar espanhol.
Franco a princípio não aceitou que Mauricio entrasse na política. "Como italiano, tradicional, sempre sonhei em deixar a condução dos negócios da família com o primogênito". Ao longo de sua carreira, Franco Macri sempre se esforçou em mostrar-se apartidário e fazer-se amigo de quem quer que estivesse no poder, desde o tempo da ditadura militar (1976-1983) até os anos do kirchnerismo (2003-2015). Quando Macri anunciou sua candidatura presidencial, Franco teve uma discussão com ele, e depois disse publicamente que preferia que um peronista ganhasse a eleição. No livro "M", uma biografia do presidente escrita pela jornalista Laura di Marco, Macri diz em entrevista à autora que o problema de seu pai foi nunca ter "feito psicanálise, nunca ter se colocado no lugar do outro", e que ele, Mauricio, por se tratar há muito tempo, foi capaz de, apenas na fase adulta, compreender e perdoar o pai. Porém, conta que foi muito difícil, uma vez que Franco o levava a obras e a reuniões desde que ele tinha cinco anos de idade, quando o garoto estava interessado em outras coisas. Ambos tinham constantes discussões quando Mauricio era apenas um adolescente.
Foi por conta do pai que Mauricio, ainda jovem, conheceu o atual presidente norte-americano, Donald Trump. Macri filho foi enviado por Franco aos Estados Unidos para negociar projetos imobiliários em conjunto entre as duas empresas na Argentina, um negócio que acabou não dando certo. De todo modo, a lembrança dos dois juntos mais comum é a imagem do rápido, porém amoroso, abraço entre Franco e Mauricio no dia da posse deste como presidente, em dezembro de 2015.
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