
Um general da Força Aérea venezuelana disse renegar a autoridade do ditador bolivariano Nicolás Maduro e reconheceu o líder oposicionista Juan Guaidó como chefe de Estado em exercício, em um vídeo compartilhado em sua conta no Twitter neste sábado, 2. Ele é o primeiro militar de alto escalão, na ativa, a reconhecer o autoproclamado presidente interino Juan Guaidó. No vídeo, o general Francisco Yañez, membro da alto comando da Força Aérea, pede aos militares que desertem. A página do alto comando na Internet lista ele, junto com uma foto, como chefe de planejamento estratégico da Força Aérea. "Me dirijo a vocês para informá-los que não reconheço a autoridade ditatorial e autoritária de Nicolás Maduro e reconheço o deputado Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela", declarou Yañez, que aparece uniformizado no vídeo, feito em um local desconhecido. Yañez, diretor de Planejamento Estratégico do alto comando da Aviação Bolivariana, na base aérea de La Carlota, no leste de Caracas, assegurou que "90% da Força Armada Nacional Bolivariana (FAN) não estão com o ditador, estão com o povo da Venezuela". "Com os acontecimentos das últimas horas, a transição à democracia é iminente, continuar mandando a Força Armada seguir reprimindo o nosso povo é continuar com as mortes de fome, de doenças e, Deus me livre, de combates entre nós mesmos", advertiu ele.
Segundo o general Yañez, "companheiros democratas" do grupo aéreo presidencial lhe informaram que "o ditador tem todos os dias dois aviões prontos". "Que vá embora!", enfatizou. "É um duro golpe para a FANB, embora não tenha comando", disse a especialista em questões militares Rocía San Miguel. Em sua conta no Twitter, o alto comando acusou o general de traição. Guaidó, que neste sábado comandará uma manifestação exigindo a saída de Maduro do poder, oferece anistia aos militares que tentarem quebrar o principal apoio do governo, a Força Armada. "Convido todo o povo da Venezuela a sair pacificamente às ruas e defender o nosso presidente Juan Guaidó. Aos meus companheiros de armas, peço que não dêem as costas ao povo da Venezuela, não reprimam mais", acrescentou. A cúpula da Força Armada declarou em várias ocasiões sua lealdade absoluta ao presidente, mas a instituição mostra fissuras. Em 21 de janeiro, dois dias antes de Guaidó se autoproclamar presidente interino, 27 militares da Guarda Nacional se rebelaram contra Maduro, e após se entrincheirarem em um quartel de Caracas, foram detidos. Essa rebelião fez explodir surtos de violência, com pequenos protestos e roubos, que deixaram em uma semana 40 mortos e 850 detidos, segundo relatórios da ONU.
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