domingo, 13 de janeiro de 2019

Shale pode reduzir dependência do Brasil na importação de gás natural




Apesar de polêmico, o fraturamento hidráulico (ou fracking) é considerado uma das alternativas para diminuir os volumes de compras do insumo da Bolívia, cujo contrato vence neste ano. Com a expansão das energias renováveis, o gás natural é a grande aposta da indústria global para garantir a estabilidade da oferta. E no Brasil, o shale gas em campos terrestres pode ser uma importante fonte para reduzir sensivelmente a dependência das importações do insumo. Segundo estudo da KPMG, o Brasil possui uma das maiores reservas de shale gas – também conhecido como folhelho ou xisto – no mundo. “O potencial produtivo é de cerca de 140 mil a 500 mil barris de óleo equivalente por dia (boe) em campos terrestres no País”, afirma o sócio de petróleo e gás da consultoria, Anderson Dutra. Porém, o tema ainda é polêmico por se tratar de um tipo de extração cujos resíduos e procedimentos geram preocupação aos ambientalistas. O fracking – ou fraturamento hidráulico – utiliza água para extrair o gás de rochas e especialistas da área apontam como principal risco a contaminação do lençol freático. Mas o shale, juntamente com o gás associado ao pré-sal, é considerado uma alternativa para reduzir a dependência do Brasil da importação, principalmente da Bolívia. “O País avançou muito na exploração não-convencional e as reservas brasileiras neste segmento onshore já são economicamente viáveis”, avalia. Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Almirante Bento Albuquerque, mencionou a importância do gás natural na transição para uma economia de baixo carbono e o papel de destaque do gás associado à produção do pré-sal e também do xisto neste cenário.

Dutra lembra que o Brasil precisa resolver a questão do contrato de fornecimento de gás com a Bolívia, que termina neste ano, e a exploração do shale gas é uma alternativa prontamente viável. “O País é um dos poucos players globais com um portfólio de hidrocarbonetos e também de renováveis e podemos nos tornar cada vez menos dependentes da importação de gás natural. Hoje, o fracking não está previsto na legislação brasileira. “O perfil de exploração em campos terrestres é mais voltado para empresas de pequeno e médio porte, porém, o investidor vai esbarrar na legislação. Com o volume de problemas que o novo governo terá que lidar, dificilmente vejo no curto e médio prazo a regulamentação do fracking avançando”, afirma o consultor de petróleo e gás Juarez Fontana.

Ele destaca que, por enquanto, a exploração offshore é a opção mais viável para o Brasil. “Nos próximos anos, a produção em alto-mar continuará sendo mais atraente.” Ele alerta, entretanto, que apesar dos riscos de contaminação, o fracking é uma tecnologia centenária, que só ganhou destaque nos últimos anos nos EUA. “Feita de maneira correta, não apresenta riscos. Mas sem uma fiscalização assertiva, pode gerar problemas”, pondera. Para o sócio da KPMG, é preciso uma legislação que garanta regras para proteger o lençol freático, integridade dos poços e descarte dos resíduos. “Hoje, temos dados que mostram que o fracking tem um risco controlado”, garante o executivo. Ele salienta que o Brasil está ganhando cada vez mais notoriedade no mercado global de óleo e gás. “Quando vemos gigantes como ExxonMobil, Total e Shell investindo de forma maciça no País, isso mostra que o potencial é imenso. Mas também temos capacidade de movimentar nossas pequenas e médias empresas, que em campos terrestres são ideais para gerar um forte efeito multiplicador na economia.”

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