sábado, 26 de janeiro de 2019

Presidente da Vale admite que a tragédia humana pode ser maior do que Mariana

Em entrevista coletiva, o presidente da Vale, Fábio Schvartsman, lamentou o ocorrido e afirmou que a tragédia em Brumadinho seria menor do ponto de vista ambiental do que a ocorrida em Mariana (MG), em em 2015. Já do ponto de vista de perdas humanas, Brumadinho deve superar a ocorrida há cerca de três anos. Ele explicou que o rejeito vazado no acidente é menos úmido que o de Mariana e, portanto, teria menos capacidade de locomoção pelos rios e encostas da região. "O dano do ponto de vista ambiental é muito menor que Mariana. Mas a tragédia humana deve ser maior", afirmou. Ao menos 300 funcionários da Vale estavam nas instalações da empresa onde ocorreu o rompimento da barragem na tarde desta sexta-feira (25) em Brumadinho (MG). A mineradora já conseguiu localizar pelo menos 100 desses funcionários e outros 200 permanecem desaparecidos, entre empregados próprios e terceirizados. De acordo com o executivo, funcionários ocupavam o refeitório e o prédio administrativo da empresa, localizado no interior do complexo da mina Córrego do Feijão, na zona rural de Brumadinho. A empresa tem no local três barragens, todas com rejeito da produção de minério de ferro, formado principalmente de um material chamado sílica, que seria a terra que é separada do minério durante o processo de extração do produto na mina.

Schvartsman afirmou que só tem notícia até o momento que uma barragem se rompeu. Uma segunda barragem teria transbordado. O executivo afirmou que a empresa não sabe ainda o que levou ao rompimento, mas garantiu que a última vistoria no local, que atestou sua segurança, ocorreu no último dia 10. Um laudo produzido por uma empresa alemã, segundo ele, também teria atestado a estabilidade da barragem em setembro passado. A barragem que se rompeu tinha um volume de 12 milhões de metros cúbicos de rejeito no seu interior. Ainda de acordo com Schvartsman, a empresa já não depositava novos rejeitos na barragem, que estava há três anos em processo de desativação.

A estrutura que se rompeu fica no Complexo de Paraopebas, que tem quatro minas, duas usinas de beneficiamento de minério, uma jazida ainda inexplorada e três barragens. A barragem ora rompida foi adquirida nos anos 2000 de uma mineradora chamada Ferteco. O presidente da mineradora disse que um plano de contingência foi colocado em prática e um gabinete de crise foi criado. Ao todo 40 ambulâncias da empresa foram mobilizadas para a região, além de pelo menos um helicóptero. Três centros de acolhimentos de vítimas estão montados no local. As buscas estão sendo coordenadas pelas autoridades locais. Schvartsman, que chegou nesta sexta-feira de Davos, na Suíça, onde participou no Fórum Econômico Mundial, disse que irá voar ainda nesta noite do Rio, onde fica a sede da empresa, para Brumadinho. A empresa diz não ter informação de que o sistema de sirenes e alertas funcionaram corretamente. Ele afirmou, contudo, que tudo ocorreu muito rápido.

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