Pouco depois do nascer do sol, uma usina de concreto ao norte de Londres desperta para a vida. Uma máquina prensa alguma coisa que se assemelha a uma areia vermelha em uma bandeja de blocos com o formato de tijolos. Ao lado dos operários está uma equipe da Solidia Technologies, companhia sediada em Nova Jersey, que tem o respaldo financeiro da empresa de capital de risco Kleiner Perkins Caufield & Byers do Vale do Silício, e de companhias petrolíferas como a BP e a Total da França. A equipe se encontra no local para testar uma tecnologia que a empresa espera possa revolucionar a produção de concreto. A Solidia afirma que pode produzir este material de construção de maneira mais barata e reduzir as emissões de dióxido de carbono transformando-as em pedra. A fabricação de cimento produz 7% das emissões de dióxido de carbono do globo. A Solidia aposta que ajustando a química do cimento, o ingrediente básico dos produtos de concreto, poderá lucrar, contribuindo ao mesmo tempo para despoluir uma indústria que não só é uma das maiores do planeta como também uma das mais poluentes. As usinas de cimento são as principais emissoras de dióxido de carbono, causador da mudança climática.
A tecnologia aparentemente funciona, mas convencer a indústria do concreto a adotá-la é um processo difícil. “Trata-se de um mercado que resiste à mudança”, disse Jan van Dokkum da Kleiner Perkins. Os colaboradores europeus da Solídia, a gigante do concreto LafargeHolcim, estão intrigados e querem aguardar uma série de testes, que se realizam na Grã-Bretanha e na América do Norte. Até o momento, eles gostaram do que viram. Warren Hilton, o gerente da fábrica, aprovou particularmente do fato de que será possível economizar dinheiro acelerando a fabricação de blocos para calçamento. “Se conseguirmos que a tecnologia funcione aqui”, disse Hilton. “Haverá um grande benefício para todas as usinas de concreto locais” que o utilizam. Grande parte da luta contra o aquecimento global trava-se no setor de energia elétrica, com grandes investimentos em energia solar e eólica. Os especialistas afirmam que será preciso atacar outras fontes importantes de dióxido de carbono como a manufatura, responsável por cerca de 25% das emissões. Por causa do calor elevado e das grandes quantidades de energia necessárias, assim como dos processos químicos, a fabricação de cimento convencional ou de Portland produz cerca de 7% das emissões globais totais de dióxido de carbono. As fábricas de cimento emitem mais do que qualquer outro processo de produção, segundo a Agência Internacional de Energia. A Solidia afirma que pode reduzir 70% da poluição usando formulas químicas diferentes e procedimentos mais inteligentes. Em geral, o concreto é endurecido em uma reação que usa água e vapor. A Solidia usa dióxido de carbono.
Na usina de concreto na Inglaterra, um operador de empilhadeiras junta as bandejas de blocos para pavimentação. O dióxido de carbono, extraído dos gases da combustão, é bombeado de um tanque e, graças a uma reação química, é incorporado no calcário sintético em lugar de ser liberado na atmosfera. Os blocos da Solidia estão prontos para o uso em 24 horas. O produto comum leva umas duas semanas para endurecer. Para conseguir aceitação, a Solidia começou com produtos simples, de baixo risco. Os blocos da companhia foram escolhidos como “a maneira mais rápida para produzir impacto”, disse Tom Schuler, diretor executivo da Solidia. Se a tecnologia for aprovada em todo o mundo, permitirá injetar grandes quantidades de dióxido de carbono em estradas e em outras estruturas. Este potencial interessa às companhias perolíferas que buscam maneiras de reduzir os gases do efeito estufa produzidos por suas atividades. A BP investiu 10 milhões de dólares na Solidia. David Nicholas, um porta-voz da BP, disse que a companhia quer usar as tecnologias “perto das nossas instalações operacionais onde podemos utilizar imediatamente o CO2 gerado e transformá-lo em algo material e produtivo”.
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