segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Deputado federal petista Paulo Pimenta é acusado de fraude em São Borja pelo seu próprio primo, em associação com Hideraldo Caron


O depoimento de Antonio Mario Pimenta, conhecido como Maíco, primo do deputado federal Paulo Pimenta (PT), clareou uma investigação da Polícia Federal que se arrasta há 10 anos, na qual o parlamentar é investigado por estelionato aplicado em São Borja. O médico veterinário Antônio Mário Pimenta diz que o deputado era "operador" de um esquema que lesou arrozeiros de São Borja em pelo menos R$ 12 milhões. Produtores rurais da cidade afirmam que sofreram o golpe após venderem sua produção para uma arrozeira, a cerealista Engenho Beira Rio. Um dos prejudicados no golpe foi o produtor rural Odon Mota Santos. Ele foi tremendamente descapitalizado e até hoje espera por um resultado de processo na Justiça Federal que não termina nunca. Os produtores rurais entregaram o cereal, mas não receberam o pagamento. Um dos pecuaristas que foi lesado afirma: "Eu sou de uma leva de uns seis ou mais que perdemos de 7 mil a 10 mil sacos de arroz. E teve dois ou três que levaram prejuízo de 90 mil sacos, outro de 150 mil sacos". Ao cobrarem a dívida do administrador da arrozeira, o veterinário Maíco, de 53 anos, os produtores ouviram que o verdadeiro dono da empresa era o primo dele, o deputado federal Pimenta, líder do PT na Câmara dos Deputados. 

Paulo Pimenta é investigado por estelionato no Supremo Tribunal Federal desde 2012. O Supremo, como todo mundo, é o paraíso da classe política. Parecer da Procuradoria-Geral da República afirma existir "indícios que apontam para o deputado federal como o verdadeiro proprietário da arrozeira, ou, ao menos, como quem mantinha com a citada empresa algum grau de vinculação que o faça também responsável pelas fraudes noticiadas". Em São Francisco de Assis, onde reside atualmente, o veterinário Maíco admitiu ligações do primo com a empresa. Ele afirmou ter assumido a arrozeira ao ser convencido pelo deputado de que seria um bom negócio. Segundo ele, a empresa recém teria realizado uma negociação de arroz avaliada em R$ 8 milhões, o que demonstraria sua boa situação financeira: "De fato, era um negócio fantástico, um negócio de 200 mil sacos de arroz, pegando uma empresa capitalizada. É praticamente um ano inteiro sem ter que comprar arroz". 

Maíco diz que o Paulo Pimenta era o "operador" de um esquema do qual também faziam parte um advogado e lobista de Brasília e o ex-diretor de Infraestrutura do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o petista Hideraldo Caron, afilhado político de Paulo Pimenta e que deixou o governo de Dilma Rousseff, em 2011, por suspeitas de corrupção. 

Maíco diz que participou de uma reunião com ambos: "Foi explicado na reunião como seria a operação da empresa, que o negócio era bom, estava andando. Até eu acreditei". Maíco informou que "prestava conta" a Caron. Mas, o negócio que seria lucrativo, logo se revelou uma tremenda fraude. O primo do deputado descobriu que a carga de R$ 8 milhões de arroz não existia. E mais: ao checar a autenticidade de laudos usados para atestar a quantidade e a qualidade do cereal, descobriu que os papéis eram falsos. A empresa certificadora, com sede em Pelotas, alertada por Maíco, denunciou o caso à Polícia Federal em 2009.

Apesar das dificuldades em tocar o negócio, o veterinário Antônio Mário Pimenta diz que algumas vezes a arrozeira chegou a dar lucro. E que fez transferências bancárias e depósitos em dinheiro na conta de um posto de gasolina que pertence ao deputado petista Paulo Pimenta, localizado na rua Cristóvão Colombo, em Porto Alegre. 


Avaliado em R$ 485 mil, o posto aparece na relação de bens de Paulo Pimenta, declarada à Justiça Eleitoral. Em 2014, fez doação de R$ 15 mil para a campanha do petista. "Paulo Pimenta pediu para fazer umas remessas, não sei se ligada a ele, para um posto de gasolina em Porto Alegre. Umas três ou quatro remessas, talvez mais, faz muito tempo, no valor de R$ 30 mil, R$ 40 mil. As remessas eram feitas de forma fracionada, sempre em pequenas quantias, por orientação do Paulo Pimenta".

Maíco diz que foi orientado pelo primo petista Paulo Pimenta a deixar a cidade de São Borja após o calote, mas decidiu permanecer no município. Mudou-se apenas há poucos meses, para cuidar das terras da família em São Francisco de Assis.

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