domingo, 16 de dezembro de 2018

Jair Bolsonaro manda Itamaraty desconvidar os ditadores de Cuba e Venezuela para sua posse

O governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), mudou um entendimento padrão do Itamaraty e deu ordem para que os chefes de Estado das ditaduras comunistas da Venezuela e de Cuba deixassem de ser convidados para sua posse, no dia 1º de janeiro, em Brasília. O novo governo pediu a exclusão dos convites que já haviam sido emitidos ao ditadores venezuelano Nicolás Maduro e ao cubano Miguel Díaz-Canel. Sob orientação dos auxiliares de Bolsonaro, o Itamaraty enviou, então, novos comunicados a Maduro e a Canel, informando que os dois não estavam mais convidados para a cerimônia em Brasília. Integrantes do alto escalão do Itamaraty afirmam que os convites para a posse são determinação do presidente eleito. Esta é a primeira vez que esses países são deixados de fora do evento no Planalto. De acordo com funcionários do Itamaraty, os convites são geralmente distribuídos com pouco mais de um mês de antecedência - para que haja tempo hábil para a adoção de todas as providências diplomáticas. Este ano o período foi mais curto, mas, ainda segundo os diplomatas, não houve comprometimento de nenhum dos serviços. 

O futuro ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, afirmou neste domingo (16) que o ditador Nicolas Maduro não havia sido convidado para a posse de Bolsonaro. Segundo ele, a decisão se dava "em respeito ao povo venezuelano" e que "não há lugar para Maduro numa celebração da democracia". "Em respeito ao povo venezuelano, não convidamos Nicolás Maduro para a posse do PR Bolsonaro. Não há lugar para Maduro numa celebração da democracia e do triunfo da vontade popular brasileira. Todos os países do mundo devem deixar de apoiá-lo e unir-se para libertar a Venezuela", escreveu. Mais tarde foi a vez de o próprio presidente eleito comentar a exclusão de Maduro e Canel do evento de sua posse. "Não vai receber convite, nem Maduro nem o ditador que substituiu o Fidel Castro (Díaz-Canel). Fidel Castro não, o Raúl Castro. Ditadura, pô, não podemos admitir. O povo lá não tem liberdade".

Bolsonaro disse ainda que os cubanos que integravam o programa Mais Médicos "foram embora (...) porque sabiam que eu ia descobrir que grande parte deles, ou parte deles, era de agentes e militares, e não podíamos admitir o trabalho escravo aqui no Brasil com a máscara de trabalho humanitário voltado para pobres". O chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, por sua vez, reproduziu em uma rede social duas notas diplomáticas atribuídas ao Itamaraty com o que seria o convite a Maduro para a posse. Uma delas, escrita em espanhol e com data de 29 de novembro, informa que a embaixada venezuelana em Brasília receberia mais detalhes da cerimônia. Em seguida, Arreaza escreveu que o governo venezuelano enviou uma resposta ao Brasil para dizer que "jamais assistiria à posse de um presidente que é a expressão da intolerância, do fascismo e da entrega de interesses contrários à integração latino-americana e caribenha". Bolsonaro é crítico do regime de Maduro e, durante a campanha que o elegeu ao Planalto, afirmou diversas vezes que não deixaria o Brasil "se tornar uma Venezuela".

Na Venezuela, uma grave crise econômica faz com que a cada dia cerca de 5.000 pessoas deixem o país. A expectativa é que a inflação atinja mais de 1.000.000% em 2018. Em outubro, o governo venezuelano enviou felicitações ao Brasil pela realização da eleição e pediu a Bolsonaro para "retomar o caminho das relações diplomáticas de respeito, harmonia, progresso e integração regional". Empossado, o novo presidente terá que lidar com a crise migratória envolvendo os dois países, já que venezuelanos têm entrado em território brasileiro em busca de melhores condições de vida. Em 10 de janeiro, Maduro iniciará um novo mandato, previsto para até 2025. Ele foi reeleito em maio deste ano, numa eleição cuja legitimidade foi contestada dentro e fora do país. O ditador está no poder desde 2013 e assumiu após a morte de Hugo Chávez, de quem era vice. Maduro esteve na posse de Dilma Rousseff em 2015, assim como os então presidentes José Mujica (Uruguai), Michelle Bachelet (Chile), Evo Morales (Bolívia) e Horacio Cartes (Paraguai), além dos vice-presidentes Joe Biden (Estados Unidos) e Li Yuanchao (China). 

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